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Sumário: onde ficam os smartphones?
Sumário: onde ficam os smartphones?
Os alunos nos recreios não tiram a cabeça dos ecrãs! Ouvimos. É lamentável que as crianças e os jovens não conversem entre eles! Lemos. No meu tempo não tínhamos nada disto e éramos muito mais felizes e brincávamos mais! Voltamos a ouvir. Sumário: onde ficam os smartphones?
O tema dos smartphones nas escolas está em todo o lado. O alheamento e distractibilidade das crianças no espaço dos recreios escolares, mas também nas salas de aula, tem sido atribuída à presença dos smartphones.
Smombie passou a descrever o comportamento da pessoa que se comporta como um zombie totalmente absorvido pelo smartphone. Para além de já serem chamados de viciados ou dependentes.
Por vezes os fenómenos parecem-nos ser maiores ou mais presentes. E neste caso atendendo a que a percentagem de smartphones por pessoa é maior, observamos que com maior frequência há pessoas a olhar para os ecrãs. Até porque temos cada vez mais aplicações para alertar a chegada de uma mensagem, e-mail, tentativa de contacto, noticias, etc.
Os manuais de diagnóstico das perturbações mentais, um em 2013 e outro em 2020 introduziu a Perturbação de Adição aos Videojogos pela Internet. E propuseram um conjunto de características de diagnóstico que espelham muitos dos comportamentos que vamos observando. Ainda que a Organização Mundial de Saúde tenha dito em plena pandemia que as crianças e jovens podiam usar os videojogos para combater o isolamento social.
O próprio interesse científico tem realizado vários estudos, nomeadamente epidemiológicos em relação à real prevalência de casos patológicos, problemáticas, mas também saudáveis na utilização dos smartphones. A prevalência de casos patológicos de Perturbação de Adição aos Videojogos pela internet no contexto europeu se cifra em 1,9% e que cerca de 5% - 10% apresentam comportamentos considerados problemáticos.
Não há um consenso e muito menos um entendimento do que é importante fazer. Já há quem tenha decidido que na sua escola não entram smartphones. As ideias referidas passam pelo isolamento social das crianças que deixaram de conversar entre si e que passaram a estar exclusivamente centrados nos ecrãs. Ou que deixaram de realizar qualquer tipo de atividade física e que estão mais sedentários do que nunca. Ou mais ansiosos ou deprimidos do que antes e que a utilização das tecnologias tem contribuído para isso.
A realidade de hoje é cada vez mais tecnológica. A utilização dos equipamentos tecnológicos, mas também videojogos, acesso à internet, redes sociais, plataformas de comunicação, etc., é cada vez maior. E temos inclusive assistido nos últimos anos a um esforço de organismos internacionais, tais como a Comissão Europeia, que se tem desdobrado em iniciativas para desenvolver e financiar estudos para avaliar e construir uma comunidade escolar mais adaptada às tecnologias.
Hoje, cerca de 94% dos europeus com idades compreendidas entre os 16 e os 24 anos utilizam um smartphone para navegar na Internet (Eurostat, 2016). Mas ainda são poucos os exemplos de utilização em sala de aula e integrados enquanto metodologia e ferramenta de aprendizagem.
Apesar de todo este desenvolvimento tecnológico, as escolas e muitos professores continuam pouco sensibilizados para a introdução destes equipamentos no espaço escolar.
O smartphone representa uma inovação que moldou dramaticamente a forma como as pessoas interagem e se orientam num território desconhecido. Este tem muitas vantagens indiscutíveis, como a oportunidade de construir capital social através de múltiplas possibilidades de comunicação, acesso a informações relevantes em tempo real e muitas outras funções.
Além destes aspetos positivos são discutidos na comunidade científica vários efeitos secundários negativos da utilização excessiva/problemática do smartphone. Seja a monetização ou o uso indevido de dados, Fear of Missing Out das redes sociais, interrupções constantes das notificações.
Tudo isto parece representar uma menor produtividade. Mas por outro lado também temos muitos exemplos de um aumento da produtividade ou ganho em termos da aprendizagem com o uso dos smartphones.
Coloca-se a questão de saber se os ambientes de aprendizagem, em particular as escolas, beneficiariam de uma proibição do uso de smartphones. Em que a ideia subjacente a essa proibição é que as mentes jovens encontrariam melhores ambientes de aprendizagem nas escolas e que, sem os smartphones, as interacções sociais e actividade física melhorariam.
Os argumentos a favor da proibição dos smartphones nas escolas podem ser sintetizados em: menos distrações, melhor desempenho académico; mais atividade física; mais interação social presencial; aprender a lidar com o tédio, que pode despoletar a divagação da mente e a criatividade.
Os argumentos contra a proibição dos smartphones nas escolas: os pais e os filhos podem comunicar menos ou não comunicar de todo; as mentes jovens precisam de ser preparadas para um mundo cheio de distracções; custos elevados para proceder à intervenção da proibição; a proibição vai contra os princípios da sociedade livre e da liberdade em todo o mundo.
No NICO – Núcleo de Intervenção nos Comportamentos Online, estamos atentos à validade científica da informação que mostra haver uma utilização saudável dos smartphones praticado pela maior parte das pessoas. Assim como dos riscos subjacentes. Mas é imperativo neste equilíbrio de forças pensar na importância da literacia e ética digital em todos os agentes da comunidade educativa para construirmos um ambiente de aprendizagem e de socialização híbrido e em respeito pelos valores fundamentais que nos continuam a reger a todos.
NICO: Núcleo de Intervenção nos Comportamentos Online
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