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OLHO PREGUIÇOSO: A AMBLIOPIA TROCADA POR MIÚDOS
OLHO PREGUIÇOSO: A AMBLIOPIA TROCADA POR MIÚDOS
Artigo de Opinião | Cláudia Bacalhau
Usar óculos atualmente já não causa grande confusão, mesmo em crianças mais pequenas. Mas quanto à oclusão de um olho (“tapar um olho”) já não é bem assim. As crianças aceitam pior e mesmo os adultos reagem com mais estranheza. Mas que doença é esta que leva a que se tape um olho a uma criança?
Porque ocorre a ambliopia?
Quando a capacidade de ver dos dois olhos não é igual, o cérebro das crianças torna-se muito prático e rapidamente ganha preferência pela visão do olho melhor, que se torna dominante. Assim, o olho com mais dificuldade acaba “esquecido”. Como a visão é um processo que se desenvolve na infância (tal como aprendemos a falar e a andar), o olho preguiçoso perde o estímulo para se desenvolver. Após os 10 anos a maturação visual termina, por isso é esta a idade limite para se reverter a ambliopia.
O que leva a que um dos olhos tenha menor capacidade para ver?
Há 3 causas principais:
- O Estrabismo, ou seja, quando os dois olhos não estão alinhados e por isso o cérebro anula a imagem do olho desviado
- Grande diferença de graduação entre ambos os olhos - um olho tem muita graduação e o outro não, então o cérebro “desiste” de tentar focar com o pior olho
- Presença de opacidades no olho - se o eixo de visual não estiver transparente, desenvolve-se uma ambliopia por privação de imagem (exemplo da catarata congénita)
Como se detecta a ambliopia?
Como habitualmente um dos olhos vê bem, pode não haver qualquer sintoma. Só mais tarde a criança se pode aperceber que quando tapa um olho vê pior - mas pode ser tarde para reverter. Noutras situações, existe estrabismo ou dificuldade visual objectiva, devendo a criança ser observada em consulta. Os rastreios visuais e consultas de Oftalmologia são os momentos-chave para se detectar uma ambliopia.
Tratamento
A primeira etapa do tratamento é tratar o problema que causou a ambliopia. A segunda etapa passa por “obrigar” o cérebro a estimular o pior olho, “ligar o interruptor”. Inicia-se a oclusão do olho bom algumas horas por dia, ou por penalização através de filtros ou gotas. O mais frequente é a oclusão por meio de pensos oculares (alguns têm bonecos!). Ao tapar o olho bom, o olho mau tem que se esforçar sozinho, e a visão desenvolve-se.
Além de melhorar a visão do olho pior, este tratamento também permite adquirir visão binocular: a capacidade de o cérebro ver em simultâneo pelos dois olhos. Esta capacidade visual é fundamental para a percepção de profundidade (útil, p.ex., para ver filmes 3D).
O tratamento oclusivo ocorre ao longo de meses ou anos, mas é por regra aceite que aos 10 anos será suspenso dado atingir-se a maturidade do sistema visual.
A oclusão é difícil?
É desafiante. O principal obstáculo é a falta de adesão à oclusão. Por um lado, as crianças podem resistir a tapar um olho. Por outro lado, é crucial os pais entenderem bem a necessidade e benefício do tratamento, sendo assim mais assertivos em fazê-lo cumprir. Nós médicos oftalmologistas devemos explicar bem os motivos que levam uma criança a necessitar de um tratamento oclusivo e os pais devem tirar todas as dúvidas nas consultas para que se tornem parte do tratamento (de vocês também depende o sucesso!)
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