Título
Como Brincam as Crianças em Portugal? A conferência Estrelas & Ouriços encontrou a resposta!
Como Brincam as Crianças em Portugal? A conferência Estrelas & Ouriços encontrou a resposta!
3.ª Conferência Estrelas & Ouriços
Em novembro, a Estrelas & Ouriços apresentou a sua 3.ª conferência, intitulada “Como Brincam Hoje as Crianças em Portugal”. No Auditório Luíz Vasconcellos do Edifício Imprensa, o Instituto de Apoio à Criança, a Escola Superior de Educação de Coimbra e a Estrelas & Ouriços uniram-se, uma vez mais, para debater a importância da brincadeira na vida dos mais novos.
A conferência, desenvolvida em parceria com a Chicco, o MEO, a Cadin, o McDonald's, as Águas Monchique, o Pinóquio - Fun and Culture, a Cesário Verde - International School e o Expressinho, surgiu na sequência do inquérito “Portugal a Brincar II – 2022”, realizado a mais de 1400 famílias, com crianças até 10 anos. Em relação ao primeiro estudo, realizado em 2018, verificaram-se diferenças surpreendentes. Se, por um lado, as famílias estão mais focadas na imaginação e criatividade na hora do brincar (de 18,8% a 50,9%), por outro, as crianças passam a receber menos brinquedos ao longo do ano (de 53% a 30,6%).
O estudo serviu como ponto de partida para Rui Mendes, professor da Escola Superior de Educação de Coimbra, Ana Lourenço, psicóloga do Instituto de Apoio à Criança, e Madalena Nunes Diogo, diretora-geral e cofundadora da Estrelas & Ouriços, se juntarem, numa mesa-redonda moderada por Inês Vieira, diretora de Comunicação da Cesário Verde International School.
Para Madalena Nunes Diogo, a prioridade está em divulgar este tipo de estudos, convertendo-os em resultados práticos. “A dificuldade é recriar as rotinas ou criar os processos para integrar o brincar de forma muito natural. E esse é o grande esforço que naturalmente todos fazemos, sejamos escolas, sejamos comunidades, pais ou avós”, afirmou.
De modo a levar este objetivo a bom porto, urge um “efeito societário”, que pode muito bem aproveitar o facto de que a “importância destas temáticas provavelmente aumentou, devido ao confinamento”, como aponta Rui Mendes. No fundo, o coletivo em redor da criança, deve esforçar-se, não só por criar oportunidades de brincadeira, mas também por se descobrir a si próprio enquanto agente ativo no ato de brincar.
“Haja oportunidades, haja espaço e liberdade, e a criança consegue gerir este ser lúdico que ela é, que ela nasceu, e que nós todos temos aqui também escondido. Também é fundamental recuperar nos adultos esta ludicidade”, concluiu Ana Lourenço.
Ao encerramento deste primeiro contacto com o brincar esteve a cargo do professor Carlos Neto, da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa. Este lançou o alerta para a problemática das “crianças não terem tempo para terem tempo para brincar livremente”.
A extrema produtividade a que estamos sujeitos no panorama atual, muitas vezes, leva a classificar o brincar como “uma perda de tempo”, ignorando os seus inúmeros contributos o desenvolvimento cognitivo. Ainda assim, o orador deixa uma nota de esperança, com muitas iniciativas a nível nacional a mudarem mentalidades e a fazerem a diferença todos os dias.
“O brincar é uma categoria ancestral que diz respeito à vida do ser humano, desde criança até à morte. Viver é ter uma atitude lúdica. Porque brincar é risco e não há risco zero”, afirmou Carlos Neto.
Uma das grandes novidades da conferência Estrelas & Ouriços esteve, precisamente, nos momentos de pausa. O coffe break propiciou não só a troca de experiências entre especialistas da área, mas também momentos lúdicos para os presentes descobrirem algumas marcas pioneiras, na promoção da brincadeira na infância.
Os LAB’s “O Poder do Brincar” contaram com a participação do Pinóquio - Fun and Culture, Gymboree, Expressinho, Happy Meal Readers, Cadin e Safari dos Sons, fomentando a reflexão interativa sobre diversas questões. “Vamos criar juntos?”, “Como promover a literacia motora?”, “A leitura como o motor da imaginação” e “O desenvolvimento da consciência fonológica” foram alguns dos temas que convidaram à opinião de todos.
Entre discussões muito produtivas, ainda houve tempo para a realização de flash interviews, de modo a recolher testemunhos sobre a forma como o brincar se insere no contemporâneo. Para consultar estas pequenas (grandes) entrevistas na íntegra, basta clicar aqui.
A segunda parte da conferência foi destinada à discussão sobre como crianças diferentes brincam de formas diferentes. Passou-se, então, a palavra aos alunos da Cesário Verde International School, que, através de um voxpop, puderam comunicar as suas preferências, reforçando o papel que o brincar assume no quotidiano dos adolescentes.
Dos relatos na primeira pessoa, surgiu uma nova mesa redonda, moderada por Inês Vieira, com a participação de Ana Rita Gonzalez, terapeuta da fala e especialista do CADin, Nuno Simões, diretor executivo da Gymboree Play & Music Portugal e Sara Rodi, escritora infantil e mãe de quatro filhos. Sara reforçou a importância de escutar as faixas etárias mais crescidas, que veem o seu tempo de brincar bastante diminuído pelas obrigações escolares.
“Temos de ouvir os adolescentes também, porque, ou são vítimas da falta de brincadeira que não tiveram ou também querem brincar e já não podem, porque a escola se tornou uma coisa muito séria, porque os pais exigem dos filhos coisas muito sérias”, afirmou.
Já Ana Rita Gonzalez, chamou a atenção para as crianças que brincam de forma menos convencional e que, por isso, “não deixam de ser crianças”. Enquanto terapeuta da fala, Ana Rita Gonzalez trabalha com crianças na primeira infância, com suspeitas de perturbações do espetro do autismo. Nestes casos, há que optar por uma “observação mais livre, mais realista e naturalista das crianças”, que encontra no brincar a sua principal “ferramenta de trabalho”.
Nuno Simões complementou as restantes intervenções, explorando o papel que os brinquedos devem assumir como ativadores de brincadeira e como os pais devem interagir com os mesmos. De facto, incentivar o brincar começa por dar o exemplo. “Fazer diferente não é só na presença dos nossos filhos. Mesmo sozinhos, devemos modelar o nosso próprio comportamento”, afirmou.
Após tantas observações pertinentes, a sessão de encerramento esteve a cargo de Rodrigo Ramalho, diretor do departamento de Educação e Atividade Física da Câmara Municipal de Torres Vedras. Os projetos nacionais e internacionais, apoiados por Rui Ramalho, como “Moving and Learning Outside” e o grupo de trabalho “Brincar na Cidade Educadora”, constituem exemplos vivos das mudanças interdisciplinares que devem ser levadas a cabo para moldar os adultos do futuro. A mensagem foi otimista. “Hoje, as crianças de Torres Vedras brincam mais e são mais felizes”, garantiu Rodrigo Ramalho.
Graças a iniciativas como a conferência Estrelas & Ouriços, mais e mais crianças poderão dizer que brincam mais, passando a importância do brincar de geração em geração. Fica, assim, um até à próxima e votos de muitas brincadeiras!
Para usufruir deste desconto apresente esta página.
Fique a par, todas as semanas, dos melhores programas e atividades para fazer com os mais novos