Vamos lavar a roupa a Carnide

Há tarefas que já estamos tão habituados a que sejam as máquinas a fazer que nem nos lembramos que ainda há não muitos anos a roupa tinha que ser lavada à mão, em lugares públicos. Ora, em Carnide, ainda há um desses locais, chama-se lavadouro e vale bem a pena lá ir no primeiro domingo de cada mês para uma manhã muito divertida e emocionante, cheia de surpresas.

A visita começa no exterior do lavadouro com a ajuda de uma simpática contadora de histórias que nos revela alguns segredos daquele local. Só para aguçar o apetite, digo-vos que vão saber porque é que em Carnide há uma fonte que tem gravado na pedra a inscrição Câmara Municipal de Belém, vão conhecer a D. Fernanda, uma simpática senhora que dizem ser uma espécie de bruxa e que mora no prédio em frente, e ainda vão conhecer o muro dos segredos.

Depois, bate-se à porta até que a D. Ricardina apareça. Ela é a guardiã do lavadouro. É muito velha, talvez com cem anos, e pouco faladora. Lá dentro, a nossa guia conta-nos as histórias deliciosas das lavadeiras de Carnide. Ficamos a saber que a D. Lídia é a lavadeira principal e que a D. Rosa lava a roupa da Condessa de Carnide (não digam nada, mas as cuecas da Condessa são amarelas com pintas encarnadas). No final das histórias, espera-nos uma tarefa: lavar também uma peça de roupa, com sabão amarelo, claro.  Lavar e batê-la na pedra, de tal maneira que fique uma perfeição, caso contrário a D. Ricardina chumba a nossa lavagem e temos que a repetir até estar perfeita. É uma surpresa, mas digo-vos já que se a D. Ricardina aprovar a vossa roupa no estendal, recebem um prémio.

Antes de partirmos, faz-se ainda um brinde com a água do lavadouro e dizemos adeus, com saudade, daquele espaço tão acolhedor e tão rico de histórias, em plena cidade, escondido das modernices.

Vão adorar a manhã no lavadouro!

Marque a visita: 914 632 675 | Email