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Rotinas para super-pais? Ou estaremos a esquecer-nos que temos super-filhos?
Rotinas para super-pais? Ou estaremos a esquecer-nos que temos super-filhos?
Opinião | Tânia Pinto, Psicomotricista
O ser humano utiliza as rotinas para se organizar e conseguir antecipar o que vai acontecer ao longo do dia. Estas rotinas são também fundamentais para as crianças, que tendo ainda as noções temporais em aquisição, necessitam de prever os acontecimentos dos seus dias e assim regularem-se melhor.
A melhor forma de aliviar a pressão nestes momentos é ouvir e envolver as crianças nestas mesmas rotinas. A responsabilização da criança por pequenas tarefas de autocuidado e algumas rotinas domésticas, ajudam a promover a autoestima, mas também é uma forma da criança se manter regulada e envolvida na relação com o adulto. São ainda momentos que estimularão as competências cognitivas, motoras e socioemocionais da criança.
De manhã as rotinas podem ser feitas em forma de pequenos desafios, mesmo em crianças mais pequenas (2 anos) podemos propor que vista algumas peças de roupa enquanto os adultos também se vestem (ex. calças, meias…), no pequeno-almoço a criança pode e deve ser uma participante ativa, escolhendo e colocando os alimentos nos recipientes (ex. colocar os cereais no leite, pôr o queijo no pão). Será importante que esta participação seja previamente treinada aos fins-de-semana, para que depois durante a semana (período de maior agitação) a criança seja mais eficaz nas suas tarefas. Este momento torna a criança um participante ativo na rotina matinal, despertando-a para o seu dia. Em crianças mais velhas, será importante estabelecer exigências adequadas às suas capacidades (ex. aquecer o leite, fazer as torradas,…).
Outro momento “crítico” para as famílias é o final do dia. Entre trabalhos de casa, banhos e cozinhados, é difícil encontrar momentos de prazer e de brincadeira. Será fundamental nestes momentos que as rotinas estejam bem definidas para todos (Ex. primeiro lanchar, depois fazer os trabalhos e no final tomar banho,…) sendo ainda importante que as famílias descubram qual a sequência de tarefas que funciona melhor para as suas crianças. O banho é um momento premium para estimular as crianças mais pequenas, levando brinquedos ou apenas interagindo conseguimos estimular as competências relacionadas com a comunicação e interação (nomeando partes do corpo e depois lavando-as, falando sobre o seu dia, …). Tal como nos momentos do pequeno-almoço, também no banho devemos estimular que a criança seja ativa na sua preparação: preparar o pijama, abrir a torneira (devemos sempre considerar dar apoio físico da criança para estas tarefas numa fase inicial, e depois a criança começará a antecipar e gradualmente será autónoma nesta preparação).
O momento da confeção do jantar, é para muitos pais, um momento difícil de gerir, pois têm que estar a ver o que os mais pequenos estão a fazer sem deixar queimar o arroz, ajudar os mais crescidos a fazer os trabalhos, sem descurar da salada. O que propomos é que este seja um momento em que todos participem, a cozinha é um espaço de experimentação, com características sensoriais fantásticas e onde podemos estimular os sentidos e as competências psicomotoras dos nossos filhos. Os mais pequenos podem ter tarefas simples como a lavagem dos legumes, mas também da organização dos ingredientes e as quantidades dos mesmos (solicitar que vá buscar x, y, z e coloque sobre a bancada), nestas pequenas tarefas estamos a estimular a memória, as competências atencionais e o conhecimento dos alimentos e condimentos que farão parte da sua refeição mais tarde. Por volta dos 3 anos, a criança já consegue partir alguns alimentos (com a mão ou com facas de treino, estimulando a motricidade fina) e, por exemplo, dosear condimentos (regulação da impulsividade tão característica desta faixa etária). Este momento será de envolvimento, toda a família ajuda a preparar algo para todos, o que traz sem dúvida a promoção do espírito de entreajuda e cooperação.
Considerando que cada família é única, também as suas rotinas o são. Por isso, o segredo é ouvir as crianças, perceber o que gostam de fazer e conhecer bem as suas capacidades. Depois, é permitir-lhe ser ativo nas rotinas da família.
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