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Relação entre irmãos
Relação entre irmãos
Opinião | Sónia Gaudêncio, Psicóloga Clínica
“São como cão e gato!”; “Estão sempre a implicar um com o outro, mas não podem ficar longe um do outro”; “Ora estão a discutir, ora estão aos beijinhos e abraços…” Como pais, quem é que não se revê nestas afirmações quando descreve a relação entre os seus filhos?
Pois é, quem tem mais do que um filho ou quem tem o privilégio de ter irmãos, sabe muito bem do que se está a falar. A relação entre irmãos é das mais importantes no desenvolvimento infantil de qualquer criança, visto que permite o estabelecimento de um vínculo afetivo que se pretende forte e duradouro, assente no respeito, companheirismo e cumplicidade, e permite também muitas aprendizagens, a nível social e emocional, que irão ajudar a criança nas suas outras relações interpessoais, nomeadamente com os pares.
Claro que nem todas as crianças têm essa possibilidade de ter um irmão ou irmã, pois por circunstâncias várias, nem todos os pais podem e/ou querem ter mais do que um filho.
Mas quem tem mais do que um filho, muitas vezes “desespera” para conseguir que se entendam e que não estejam sempre em conflito.
O que podem os pais fazer para promover uma relação saudável entre irmãos?
Em primeiro lugar, saibam que é natural que existam desentendimentos, e no fundo, até saudável… embora vos possa pôr de “cabelos em pé”. E porque é que digo isto? Os vossos filhos são diferentes, têm gostos, ideias diferentes e como tal, o conflito pode surgir. O importante é saber como lidar com esse conflito. Conseguindo ambos ouvir a opinião de cada um e respeitar-se, aceitando as diferenças, percebendo que os une um laço afetivo que é para a vida…o amor fraternal e que é nisso que se devem focar. Acabam, desta forma, por ter uma oportunidade de aprendizagem de gestão de conflitos e resolução de problemas.
Muitas vezes os pais, principalmente com as crianças mais velhas, podem e devem ser apenas mediadores deste processo, embora com as crianças mais pequenas ou em determinadas circunstâncias de escalada do desentendimento, devam ter uma intervenção mais ativa, imparcial, tentando sempre, até através do exemplo, ensiná-los a gerir o conflito. Essa aprendizagem será preciosa até para outros relacionamentos no futuro. Promovendo sempre a escuta ativa dos argumentos e “razões” de todos os envolvidos, bem como o respeito uns pelos outros, a capacidade de empatia (o tentar colocar-se no lugar do outro) e o foco nos sentimentos de cada um.
E falando de sentimentos, entre irmãos também é normal que surjam ciúmes, inveja, por vezes raiva ou alguma competição. O importante é que se possa dialogar sobre o que se está a sentir, que se ajudem as crianças a perceberem que os pais têm amor suficiente e incondicional por cada um dos filhos, sendo que, cada um deles, ocupa um lugar único e especial na família. Os pais devem promover atividades em conjunto, onde todos os irmãos participem, mas também atividades isoladas com cada um dos filhos, o chamado “tempo do filho único”, que também é saudável que aconteça e permite ir ao encontro da individualidade, gostos e interesses de cada um.
Por exemplo, devem criar passeios em família; pequenos desafios que os irmãos devem resolver em conjunto, pequenas tarefas que façam em conjunto, quer lúdicas, quer responsabilidades domésticas e/ou até escolares (o irmão mais velho pode ajudar o mais novo com alguma tarefa escolar). Deve-se incentivar a partilhar de brinquedos, a realização de jogos em conjunto. Claro que tudo isto poderá levar a desacordo entre as crianças, mas mais uma vez, será uma oportunidade para crescerem, aprendendo a lidar com as suas diferenças, através do respeito e compreensão.
Resumindo, o importante é reforçar sempre a importância das relações familiares, promovendo entre os irmãos uma relação baseada na confiança e na solidariedade, já que um deve sempre ajudar e apoiar o outro; uma relação baseada no amor e na compreensão, tentando estabelecer pontes, pontos de entendimento, em vez de alimentar os “muros” e os pontos de discórdia; uma relação baseada na confiança, empatia, respeito, harmonia e estima fraternal.
Promover esta relação saudável entre irmãos, é permitir que as crianças se tornem adultos mais saudáveis emocionalmente e capazes de ultrapassar os desafios que a sociedade lhes irá impor.
Sónia Gaudêncio, Psicóloga Clínica e Diretora da ESTIMA +
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