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Porque mentem as crianças?
Porque mentem as crianças?
Opinião | Cátia Lopo & Sara Almeida, Psicólogas Clínicas
Uma das coisas que todos os pais querem é ter confiança nos seus filhos e ter a segurança de que, no limite, eles vão contar a verdade seja lá qual for o assunto abordado. No entanto, quase todas as crianças acabam, invariavelmente, por mentir.
Apesar da mentira nos preocupar, se pensarmos bem, todos nós - num momento ou outro - enquanto crescemos acabámos por mentir.
A mentira pode acontecer por vários motivos. No entanto, regra geral, a criança começa a desenvolver a capacidade de mentir à medida que desenvolve a sua consciência moral e adquire competências sociais, entendendo cognitivamente o mundo à sua volta.
Isto é, quando uma criança começa a perceber tudo aquilo que é esperado dela e sentir que não correspondeu à expectativa, utiliza a mentira como uma forma de não falhar, de não defraudar a expectativa dos outros e, ao mentir, muitas vezes, sobre assuntos muito pequeninos, a criança sente-se protegida e com a sua imagem intacta.
Antes dos 5 anos de idade, a mentira pode surgir através de uma conjugação entre aquilo o que é a realidade e a sua imaginação. Isto significa que a criança pode não estar deliberadamente a mentir, mas sim a transmitir histórias ou factos que não aconteceram, simplesmente, porque está a criá-los na sua imaginação e acaba por acreditar convictamente nessas histórias. Neste caso, não se pode considerar uma mentira propriamente dita, mas sim uma parte integrante do desenvolvimento da criança.
Perante as mentiras das crianças, é importante que os adultos à sua volta estejam atentos e façam a gestão de todo o processo, para que a mentira não se torne um hábito.
- Não precisa de se zangar com a criança;
- Deve desvendar essa mentira com afeto;
- Deve tentar perceber o que está por trás dessa mentira.
Como pode fazê-lo?
Fazendo uma comentário. Como por exemplo: “a mãe tem a sensação de que essa história não aconteceu exatamente assim, cá para mim comeste os chocolates todos e agora estás com medo que eu me zangue contigo...”.
Quando desvendamos a mentira com algum afeto, a criança percebe que os adultos estão atentos e sintonizados com a ela e acaba por, gradualmente, perceber que não só a mentira não resulta - porque é quase sempre desvendada - como que o que está a esconder por vezes, não é tão grave.
Além disso, a criança entende que mesmo que os adultos se zanguem vão continuar a gostar dela e a estar disponíveis.
Desta forma, os adultos podem direcionar, com amor, a criança para o lugar da verdade e para a ausência da necessidade de mentir.
Sempre que a mentira escala para lá do que seria o expectável numa criança e se torna excessivamente recorrente, esta poderá estar a esconder fragilidades emocionais da criança e, aí, é essencial perceber junto de um psicólogo tudo aquilo que está a levar a criança a esse comportamento, para que as estratégias possam ser definidas de forma muito específica e adaptada a todas as necessidades da criança.
Psicólogas Clínicas
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