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POR MULHERES COMO A JÚLIA
POR MULHERES COMO A JÚLIA
Partilhas por Catarina Furtado
Júlia está agora numa acomodação provisória cuja morada o agressor desconhece. Há seis meses que nada sabe dele. Ainda respira de alívio. Não se lembrava de respirar assim há 25 anos.
Primeiro em Portugal e depois em Londres, quando decidiu juntar-se ao marido, Júlia aguentou 25 anos de tortura. Acreditou que ele iria mudar, mas não mudou. Teve mais um filho, numa tentativa de começar de novo, mas o horror continuou, e foi piorando, ao ponto de as filhas lhe implorarem para deixar o pai.
O medo paralisava-a. Júlia é uma mulher de enorme coragem, mas tinha pânico de que uma tragédia maior acontecesse à família – e, por isso, foi resistindo em silêncio. Quando percebeu que estava a um passo de morrer, encontrou o apoio da Respeito e saiu de casa com os três filhos. Está agora numa acomodação provisória cuja morada o agressor desconhece. Há seis meses que Júlia nada sabe dele. Ainda respira de alívio. Não se lembrava de respirar assim há 25 anos. Conversei com ela e outras cinco vítimas de violência doméstica, entre as quais um homem, num encontro que a Respeito promoveu em Londres. Os testemunhos não nos deixam cruzar os braços.
A CCC é parceira da Respeito no projeto “Igualdade e empoderamento – voluntariado, intervenção cívica e acompanhamento às famílias”. Apoiado pela nossa Secretaria de Estado da Cidadania e Igualdade, irá permitir reduzir situações de vulnerabilidade e de violência, integrando as populações de origem portuguesa na sociedade britânica e atenuando o isolamento. Com consultas de psicologia, assistência social, acompanhamento jurídico e workshops para aumentar a confiança e a autoestima, este projeto é uma gota de água – mas salva vidas.
Num abraço, Júlia confessou-me que já não acreditava que viesse a reconquistar a liberdade. Tem agora como objetivo viver numa casa digna, ver os filhos felizes e recuperados das memórias terríveis e, ainda, convencer uma amiga, vítima de violência doméstica há já trinta anos, a dizer basta e a sair de casa. Júlia sabe que a equipa da Respeito, com a ajuda da CCC, estará lá para a acolher de braços estendidos.
Catarina Furtado
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