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Os desafios perigosos das redes sociais: o que fazer?
Os desafios perigosos das redes sociais: o que fazer?
Opinião | Sónia Gaudêncio, Psicóloga Clínica e Diretora da ESTIMA +
São já vários os casos relatados nas notícias de todo o mundo que tiveram desfechos trágicos, mas há muitos mais que, não tendo esse desfecho, deixam consequências nefastas, quer para a saúde física, quer psicológica dos mais novos.
Poderia citar vários exemplos. Desde a “Baleia Azul” que levava os utilizadores a automutilarem-se, ao “Blackout Challenge” que levou ao falecimento de crianças. Mas poderíamos falar também do “desafio de fumar cotonetes” com comprovadas consequências negativas para a saúde.
Como sabemos a adolescência é uma fase de desenvolvimento em que a aceitação do grupo, a necessidade de pertença e a aprovação dos pares são extremamente importantes, bem como a busca pela novidade, o gosto por experimentar coisas, a adrenalina do risco e do perigo, ou a falta de noção dos mesmos.
Sabe-se, atualmente, que a maturação se inicia na parte posterior do cérebro, onde residem as emoções, e progride até à parte anterior (cortéx pré-frontal).
Pode-se definir o córtex pré-frontal, de uma forma simplista, como sendo a sede do pensamento lógico e uma espécie de centro de controlo que envia mensagens para o resto do cérebro e que nos informa quando estamos seguros e que, além disso, nos “avisa” em relação às nossas escolhas.
Ora esta falta de amadurecimento desta área cerebral pode explicar alguns comportamentos de risco dos jovens.
1. Proibir o acesso à internet e às redes sociais não será a solução, até porque os jovens, muito habilmente, arranjam forma de aceder às mesmas, nem que seja fora de casa.
2. É importante limitar, estabelecer regras e estar muito atentos a possíveis mudanças significativas de humor, de comportamento, no padrão de sono, de apetite.
3. Acima de tudo, é importante conversar com eles. Estar a par do que veem na internet e plataformas potencialmente perigosas.
4. Mostrar interesse acerca dos “desafios da moda” e debater ideias sobre os mesmos. É essencial fazê-los pensar acerca das coisas e partilharem esses pensamentos com os adultos.
Considero que é urgente promover o pensamento crítico dos jovens, face a tudo em geral, mas particularmente face ao uso das redes sociais. Importa colocá-los a pensar acerca das consequências dos seus comportamentos, das suas escolhas e das suas decisões, pois muitas vezes, não analisam as relações causa-efeito ou nem se apercebem delas. Além disso, devemos fazê-los refletir acerca do impacto na sua saúde física e psicológica e responsabilizá-los.
Mas também é urgente responsabilizar as plataformas que permitem que estes conteúdos se divulguem e se tornem virais. Tal como bloqueiam, e bem, conteúdos racistas e discriminatórios, têm de estar mais atentos a estes conteúdos que não trazem nada de bom para a saúde física e psicológica de ninguém e que podem deixar consequências nos mais vulneráveis ou suscetíveis de alinhar nestes "desafios”.
Alertar, sensibilizar, dialogar e levá-los a refletir sobre as coisas será das melhores formas de “proteger” os nossos jovens destes perigos que surgem diariamente nas redes sociais.
Fique atento!
Psicóloga Clínica e Diretora da ESTIMA +
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