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"Os Demónios do Meu Avô": à conversa com o realizador
"Os Demónios do Meu Avô": à conversa com o realizador
Entrevista: Nuno Beato, realizador de "Os Demónios do Meu Avô"
Com inspiração em Trás-os-Montes e na expressão portuguesa "ir à terra", a aldeia representada na exposição "Do Outro Lado da Câmara, 'Os Demónios do Meu Avô'", que esteve no Museu da Marioneta, em Lisboa, de fevereiro a março de 2022, é o cenário do filme "Os Demónios do Meu Avô". Um cenário magnífico construído em barro.
O filme conta a história de Rosa, uma personagem baseada nas incríveis figuras de barro de Rosa Ramalho, que é obrigada a confrontar as suas origens, regressando à terra natal. Esta coprodução entre Portugal, Espanha e França pretende mostrar a necessidade de parar e pensar num mundo tão apressado, em prol das relações pessoais.
A exposição reforçou essa mesma mensagem, ao apresentar o processo de realização do filme, desde a pesquisa, onde tudo se inicia, à pós-produção. Assim, os visitantes vão puderam responder à pergunta: "como se faz um filme de animação?".
Veja, abaixo, mais curiosidades sobre este projeto, aos olhos de Nuno Beato, realizador do filme.
Estrelas & Ouriços (EO): Como surgiu a ideia para a realização deste filme em stop motion?
Nuno Beato (NB): A ideia inicial surgiu quando vi um vídeo da Internet, ou mais do que um. Nestes vídeos vi uma pessoa no trabalho que pega num computador e, irritada, começa a bater furiosamente com ele, com a impressora e atira tudo para o chão. Por ser engraçado, a minha primeira reação foi rir, como toda a gente. Mas depois, paramos para pensar e surge aquela ideia do porque é que uma pessoa, que aparentemente tem tudo, comparada com outras situações no mundo, chega a este ponto. Porque é que isto acontece? E a vontade de fazer esta história nasceu aí. Assim, cria-se todo um mundo inverso, procura-se uma personagem para contar a história dela e como é que ela chegou àquele ponto.
E&O: Qual a mensagem de “Os Demónios do Meu Avô”?
NB: A história tem que ver com as relações humanas, com a forma como vivemos e com a necessidade que, às vezes, temos de parar. Esta ideia surgiu durante a pandemia, que confirmou que, cada vez mais, precisamos uns dos outros e de sair e passear.
E&O: O que é que as famílias vão poder ver e/ou aprender nesta exposição e neste filme?
NB: Esta exposição foca-se muito no outro lado da câmara, ou seja, naquilo que está por detrás da câmara. Acho que quando vemos um filme ficamos muito focados na história, muito mais do que nesta construção. A construção dos cenários é algo que vale a pena trazer cá para fora, tirar do lado de lá da câmara e mostrar às pessoas, porque é um trabalho minucioso e muito interessante. Quando nos sentamos numa sala de cinema, não nos apercebemos de nada disso. Esta ideia reforça o tema da história, de que as coisas passam tão rápido por nós que não temos sequer a perceção daquilo que realmente está por detrás - de todo o trabalho que deu, todos os detalhes, todo o envolvimento das pessoas que construíram cada janela e cada folha de árvore. Portanto, todo este lado que, para nós no cinema, parece normal e natural, eu acho que, para quem está de fora, é muito interessante perceber.
E&O: Se pudesse descrever o filme e a exposição numa palavra, qual seria?
NB: Não sei se consigo juntar os dois, têm componentes diferentes. Mas talvez o barro. Talvez o barro seja uma dessas palavras, apenas uma delas.
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