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DORMIR NA CAMA DOS PAIS
DORMIR NA CAMA DOS PAIS
Educação | Fonte: Clínica Gerações
As dificuldades ligadas ao sono levam frequentemente a criança a querer dormir no quarto dos pais. Deixar ou não deixar, eis a questão!
As dificuldades ligadas ao sono são quase transversais ao desenvolvimento infantil e levam muitas vezes os pais a recorrer a um pedido de ajuda aos técnicos de saúde infantil.
Uma das situações mais frequentes, que ocorre particularmente entre os 3 e os 5 anos e, nalguns casos, de novo por volta dos 9 anos, é a criança querer dormir no quarto dos pais. Deixar ou não deixar, eis a questão, para a qual não há uma resposta certa, única e linear. Antes de mais, será importante perceber o que representa para a criança o quarto dos pais.
Por um lado, o quarto dos pais inscreve-se num contexto afetivo de segurança, de proximidade, de proteção e é, simbolicamente, um condensado das figuras parentais no que elas têm de melhor e de mais necessário para a criança fazer face a situações pontuais e transitórias de medo, de insegurança ou de ansiedade. Por outro lado, o quarto dos pais encerra também uma proibição, um interdito, pois é dos pais, do pai e da mãe, do casal, de dois adultos que têm entre si uma relação muito própria da qual a criança é excluída, o que lhe traz sentimentos de tristeza e de abandono, que terá no entanto de aceitar para prosseguir saudavelmente no seu desenvolvimento infantil, reforçando a sua capacidade para estar só, aceitando as limitações inerentes à sua condição de criança, e fazendo dos seus pais o seu modelo de identificação.
A diferenciação dos quartos é, no fundo, a representação física ou espacial da diferença de sexos e de gerações e, a forma como a criança aceita esta geografia da sua casa, é um bom indicador da organização do seu espaço psíquico interior.
Além disso, a forma como dormem as famílias é também um reflexo do equilíbrio relacional familiar. Não é difícil perceber que algo de errado se passa nas famílias que relatam noites em que ninguém acorda na cama onde se deitou, pois houve uma constante dança de camas, que anulou a distância suficientemente boa entre as gerações de pais e de filhos, fragilizando limites e censuras, confundindo estatutos e papeis e comprometendo, por vezes, o saudável desenvolvimento das crianças, que pode ficar abalado por riscos evolutivos mais ou menos duradouros.
Da próxima vez que um ser pequenino lhe aparecer aos pés da cama, pense duas vezes antes de o deixar entrar!
De facto (e felizmente), ninguém resiste a um bom momento de miminhos ao domingo de manhã na cama dos pais mas, se sentir que o recurso da criança ao seu quarto, num registo de alguma tirania e omnipotência, se está a tornar num hábito que ela não consegue alterar, assente em dificuldades emocionais mais profundas, não hesite: ponha-a no seu lugar o quanto antes, com firmeza e sem voltar atrás. Não custa nada e, um dia, ela vai agradecer!
Conteúdo desenvolvido por:
Drª Teresa Ruivo, psicóloga infantil.
Clínica Gerações.
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