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COMO AJUDAR O MEU ALUNO?
COMO AJUDAR O MEU ALUNO?
Desenvolvimento | Fonte: PIN - Centro de Desenvolvimento
Integração do Contexto Escolar na Intervenção na Perturbação Obsessiva-Compulsiva (POC).
As respostas educativas deverão procurar não reforçar o funcionamento da POC ao participar nos rituais da criança ou jovem. Com a colaboração do seu terapeuta, o papel do agente educativo será o de auxílio na gestão e enfrentamento das suas obsessões, podendo em determinados momentos da intervenção passar pelo auxílio à exposição sistemática, estruturada e gradual aos conteúdos das obsessões ou situações que causam ansiedade e despoletam o funcionamento típico da POC.
Será relevante a desmistificação de que as respostas educativas não possuem a finalidade de potenciar e fomentar situações de evitamento das situações temidas, mas diminuírem os níveis de ansiedade e o impacto dos sintomas e potenciar oportunidades de aprendizagem, enquanto a criança ou jovem ainda não adquiriu as estratégias e competências necessárias para gerir o funcionamento obsessivo-compulsivo.
A comunicação e interligação entre a equipa educativa e clínica é fundamental ao longo do processo de intervenção de modo a existir uma coordenação na aplicação das estratégias de modo a criar-se oportunidades de aprendizagem em contexto de sala de aula, potenciar uma maior autonomia, regulação emocional, autoconceito positivo e percepção de bem-estar em contexto escolar.
Será igualmente relevante a sensibilização para a flexibilidade e a preparação do corpo docente que as adequações e estratégias poderão ser alteradas ao longo do tempo, dado o próprio percurso e evolução da gestão do funcionamento obsessivo-compulsivo, assim como o ressurgimento de sintomas.
Que tipo de medidas poderão ser importantes serem aplicadas?
Na ponderação de que tipo de medidas educativas específicas surgem questões direcionadas para quais os tipos de medidas que poderão ser adoptadas pelo contexto escolar. As medidas educativas deverão ser direcionadas para as dificuldades identificadas e ser ponderadas em função do conteúdo das obsessões e compulsões, mencionaremos alguns dos casos mais comuns, contudo deverão ser acionadas outras medidas e ponderadas outras estratégias em função de cada criança e jovem dado o carácter idiossincrático do funcionamento da POC.
As dificuldades mais frequentes poderão estar relacionadas com medo de ser contaminado verificando-se rituais de limpeza ou o evitamento de tocar em pessoas ou em objetos específicos (i.e., partilhar matérias escolares, tocar objetos ou superfícies específicas, tocar em maçanetas de portas, entre outros), tornando-se desafiante o aluno aderir a atividades na sala de aula. Pequenas adequações poderão ajudar o aluno numa fase inicial, como permitir o aluno ser o primeiro a entrar na sala de aula, a receber a distribuição de tarefas, ter o material escolar guardado em separado, ter o seu próprio material escolar nos trabalhos de grupo e permitir o aluno escolher não ser o primeiro a sair da sala, caso a porta esteja fechada, ou deixar o aluno sair antes do toque para evitar as multidões nos corredores.
As estratégias relacionadas com os rituais de lavagens (i.e., frequência das permissões para ir à casa de banho ou o número de vezes) deverão ser estruturadas pela equipa técnica que acompanha o aluno.
Outros desafios surgem na manutenção da concentração e atenção durante as aulas, quer ao discurso do professor quer na realização de tarefas escolares, podendo ser equacionadas estratégias de orientação da atenção, como o uso de uma palavra código ou sinal combinado previamente com o aluno, colocação do lugar do aluno mais próximo do docente, utilização de suporte visual ou o ser facultado material escrito complementar para orientação do aluno.
Na leitura e na escrita surgem também desafios pela necessidade percepcionada de (re)escrever ou (re)ler repetidamente ou contagem, até o alívio dos sintomas de ansiedade, determinadas palavras, números ou letras que poderão resultar em fadiga, dificuldade em realizar trabalhos de casa, tarefas e testes, podendo ser auxiliados pela redução dos trabalhos de casa fornecidos, evitamento do envio do trabalho de sala de aula para finalizar em casa, fornecimento de métodos alternativos ao escrever (i.e., gravar as respostas dos trabalhos de casa), fornecer a possibilidade de outra pessoa ler a sua resposta a uma pergunta no exercício de correção do trabalho de casa, utilização de processadores de texto em detrimento de letra manuscrita ou, em caso de um impacto acentuado, realização dos testes noutra sala acompanhado por um docente ou leitura das questões pelo docente num teste ou em tarefas de sala de aula.
No funcionamento da POC verificam-se igualmente dificuldades na tomada de decisão, no ritmo de trabalho e na velocidade na realização de tarefas, assim como surgem dificuldade em terminar os testes no tempo determinado pela presença de compulsões de verificação, reescrever e releitura, dúvida obsessiva e medo de tomar a decisão "errada", podendo ser útil existirem adequações no processo de avaliação, como a alteração do tipo de prova com a utilização de questões, com questões múltiplas (desaconselhado em caso de dúvidas obsessivas), com predomínio de perguntas fechadas (as perguntas abertas poderão ser decompostas em várias alíneas), a maior valorização do conteúdo da resposta em detrimento da correção ortográfica e da organização das frases e ideias da mesma, a maior supervisão durante os testes e o prolongamento do tempo necessário para a conclusão da prova.
Ao longo do processo de avaliação e intervenção deverá ser avaliado e monitorizado o impacto do funcionamento obsessivo-compulsivo no processo de ensino-aprendizagem e na relação com os pares no espaço escolar, com a finalidade de ponderar-se a sinalização para apoios específicos, integração, aplicação e adequação de outras medidas educativas específicas de modo a proporcionar-se um conjunto de estratégias, que contemplem as capacidades e necessidades da criança e jovem com POC.
Com a evolução do processo psicoterapêutico, com a maior capacitação da criança e jovem e redução dos sintomas, as estratégias e adequações deverão ser gradualmente reduzidas.
Artigo desenvolvido por,
Catarina Carreto - Psicóloga Clínica
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