Título
Brincas comigo? A importância do brincar no desenvolvimento infantil
Brincas comigo? A importância do brincar no desenvolvimento infantil
Opinião | Sónia Gaudêncio, Psicóloga Clínica e Diretora da Estima +
Será que conhecemos o verdadeiro impacto que as brincadeiras têm no seu desenvolvimento infantil? E os efeitos que podem ter na gestão das emoções? E já agora, quantos dos pais brincam regularmente com os seus filhos? Pois é, atrevo-me a dizer que brincar faz bem à saúde psicológica, quer dos miúdos, quer dos graúdos, proporcionando momentos “mágicos” de partilha de experiências e construção de vivências e recordações, que ficam para a vida e ajudam no fortalecimento dos vínculos afetivos entre pais e filhos.
Estes “simples momentos”, que nem sempre se valorizam, muitas vezes por falta de tempo e por cansaço, são preciosos e podem mesmo ajudar na redução do stress, da ansiedade, eliminar medos, potenciando a sensação de bem-estar e felicidade no dia a dia das famílias. É que estas simples brincadeiras podem elevar os níveis de dopamina, serotonina, endorfinas e até oxitocina… o conhecido “quarteto da felicidade” que pode potenciar o nosso bem-estar psicológico e contribuir para um crescimento saudável e equilibrado das crianças.
Há inúmeros benefícios do brincar para o desenvolvimento infantil, quer a nível físico, quer psicológico, quer social, quer moral, quer emocional. Podemos dizer que o brincar é um instrumento social facilitador da aprendizagem e desenvolvimento global infantil e é, por isso mesmo, um importante recurso pedagógico ou um meio para a aquisição de conhecimentos. Promove a autonomia e autocontrolo da criança; ajuda na interiorização e cumprimento de regras; promove a criatividade, a imaginação e o raciocínio; ajuda na socialização, na aprendizagem de competências sociais (e.g.: interação com os pares, assertividade, empatia), na aquisição de valores humanos (e.g.: solidariedade, respeito, confiança) e na gestão das emoções. Não esquecendo, claro, o lado lúdico e prazeroso de uma brincadeira.
Assim sendo, pense nestas brincadeiras em família, não como uma “perda de tempo”, mas como um investimento, no futuro dos seus filhos e na construção da vossa relação. Sabia que há mesmo estudos que mostram que o tempo de diversão em família é proporcional ao seu nível de felicidade?
Então, não espere pelo fim de semana, para proporcionar a si e aos seus filhos, estes importantes momentos. Aproveite esses momentos únicos e especiais em família, para ajudar os seus filhos a gerirem as suas emoções, através das brincadeiras, ou até mesmos para abordar temas do dia a dia, que muitas vezes não sabe como fazer. Através de brincadeiras podemos modelar a tolerância à frustração, a gestão da raiva, a superação dos medos.
Pois é, quem disse que precisava de muito tempo? O importante é a qualidade do momento e que ele seja apreciado por si e pelos seus filhos, que ele seja marcante. Pode transformar as rotinas do dia em brincadeiras, por exemplo, a hora do banho, as idas e vindas da escola, a preparação das refeições. Ou se conseguir e preferir, arranjar 15 ou 20 minutos exclusivos de brincadeira em família.
Depende muito das idades das crianças. Surpreenda-as. As brincadeiras podem passar por uma dança em família, uma canção (a vossa canção!); uma história que vão inventando em conjunto na hora de ir para a cama; uma caça ao tesouro improvisada pela casa, onde um de vós esconde um objeto e os outros vão procurar (com ou sem pistas); uma caminhada pelo quarteirão depois de despejarem o lixo ou enquanto passeiam o cão; uns simples toques na bola; um jogo de cartas ou de tabuleiro; um puzzle que vão completando diariamente; colorir mandalas em conjunto; um pouco de exercício físico que fazem em jeito de competição; uma simples luta de almofadas ou uma “guerra de cócegas”.
Com os mais crescidos, podem tentar estar a par dos últimos desafios “da moda” das redes sociais, escolhendo aqueles que podem tentar fazer em conjunto e aproveitando para aferir se são ou não perigosos, que consequências podem ter. Ou simplesmente aprenderem uma coreografia das suas músicas preferidas.
Também podem falar-lhes de brincadeiras que faziam em criança e, se possível, fazerem algumas delas em conjunto. Ou simplesmente aguardem pelas sugestões dos vossos filhos e ponham-nas em prática ou adaptem-nas à vossa realidade e tempo disponível.
Tudo é válido, desde que, pais e filhos, passem momentos divertidos, descontraídos e de cumplicidade em família. O difícil, por vezes, é criar o hábito e transformar as brincadeiras, não em mais uma tarefa ou mais uma “obrigação”, mas num momento bom. Então, se os vossos filhos vos perguntarem: “Brincas comigo?”, não percam essa oportunidade. Eles só querem companhia e querem ter momentos felizes com alguém de quem gostam muito, em quem confiam e que lhes transmite confiança. Eles estão, no fundo, a dar-vos oportunidade de “entrar no mundo deles”.
Por isso, se vos perguntarem isso hoje, respondam: “Claro que sim!”.
Boas brincadeiras! Divirtam-se!
Psicóloga Clínica e Diretora da ESTIMA +
Para usufruir deste desconto apresente esta página.
Fique a par, todas as semanas, dos melhores programas e atividades para fazer com os mais novos