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Birras para que vos quero!
Birras para que vos quero!
Opinião | Inês Loio, Psicóloga Clínica
O que são birras? Para que servem? Para que nos alertam? Serão essenciais? Como pais, já todos nós confrontámos com momentos interpretados como desesperantes que as crianças que nos fazem passar. A verdade é que por muito difícil que seja gerir uma birra, esta é essencial no desenvolvimento da criança, assim como a forma como lidamos com este momento.
A reiteração das birras provoca tensão na relação entre pais e filhos e torna-se difícil controlar os comportamentos opositores da criança, levando a uma perda de controlo das próprias emoções no adulto. Contudo, a repetição e a intensidade das mesmas dependem apenas da resposta e da reação dos pais. A resposta desadequada a estes comportamentos pode levar à intensificação da birra.
É importante deixar claro que as crianças pequenas não possuem maturidade para aceder a processos cognitivos que permitem lidar adequadamente com frustrações. Posto isto, as birras ocasionais não são um motivo de preocupação, mas sim uma oportunidade de aprendizagem. Para que estes comportamentos sejam evitados, devemos ter confirmar alguns fatores:
- Perceber se a criança sente sono ou fome;
- Objetos como telemóveis e brinquedos que não sejam adequados à idade devem ser postos num lugar que não esteja à vista da criança;
- Deve-se avisar a criança que alguma mudança irá ocorrer com alguma antecedência de forma a não a apanhar de surpresa (por exemplo: “daqui a 10 minutos terás de desligar o telemóvel porque vamos sair”)
- Deve-se dividir o pedido/ordem que fazemos em tarefas pequenas e específicas (por exemplo: em vez de dizer “arruma a roupa”, devemos dizer “apanha 5 peças de roupa do chão antes de jantar”)
- Podemos oferecer ajuda para algum comportamento que desejamos seja mais simples de realizar (vem fazer os trabalhos de casa, traz o caderno aqui para a mesa que eu ajudo-te”)
- Devem ser oferecidas escolhas, de forma a dar uma sensação de controlo que não existe (“Nós vamos sair de casa, queres calçar os sapatos verdes ou as botas castanhas?”);
- Dar elogios entusiastas logo após o comportamento pretendido, seguido de um toque/ beijinho. O objetivo do elogio é criar hábitos como a repetição do comportamento.
Mas afinal, como podemos nós reagir quando a birra está de facto a acontecer? O mais importante nestas alturas é mesmo manter a calma e respirar. Apesar de ser uma sugestão difícil, é sem dúvida a mais importante e que irá ditar o sucesso desta intervenção. Depois de respirarmos, já de cabeça fria, devemos tentar criar empatia com o que a criança está a sentir, isto é, colocarmo-nos na pele dela - qual é o ponto de vista do meu filho? Posto isto, devemos já ter armas suficientes para conseguirmos etiquetar a emoção sentida por ele - “estou a ver que estás a ficar irritado… “ou mesmo “estás frustrado com…”.
No final, podemos ceder ou não, contudo é importante que esta decisão seja tomada com consciência e com uma boa avaliação da situação sem nunca perder a firmeza e a disponibilidade. Embora as birras sejam consideradas normativas no desenvolvimento da criança, é importante recorrer a um profissional quando estas aumentam muito a frequência, quando a criança causa danos físicos a si própria ou aos outros e quando os pais não conseguem lidar com estes comportamentos sozinhos e necessitam de uma ajuda exterior.
Inês Loio, Psicóloga Clínica
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