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BILINGUISMO E DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
BILINGUISMO E DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
Pedagogia | Fonte: PIN - Centro de desenvolvimento
Uma pessoa é considerada bilingue se consegue comunicar em mais que uma língua. A proficiência nas línguas usadas pode depender da altura da vida da pessoa, do contexto social, do assunto abordado ou até dos interlocutores, e da facilidade que uns têm em dominar uma língua comparativamente com outros.
O desenvolvimento da linguagem pode ser simultâneo nas duas línguas, se forem introduzidas antes dos três anos de idade, ou sequencial, caso a segunda língua seja introduzida após os três anos de idade e quando já há alguma proficiência na primeira língua. Cada criança bilingue tem um desenvolvimento da linguagem único tendo em conta o tempo de exposição a cada língua, o contexto em que esta exposição ocorre e a qualidade das interações estabelecidas.
A proficiência de uma língua pode-se medir em três parâmetros: débito verbal (nº de sílabas articuladas por minuto), precisão e idade de exposição à língua. Um indicador de que a língua ou línguas estão automatizadas é a capacidade de manter, de forma consistente, um débito verbal adequado e rigor no domínio das regras linguísticas (ou seja, sem perder a qualidade na forma e conteúdo). A grande diferença entre uma língua que foi adquirida e uma que foi aprendida é o grau de automatização no uso por oposição ao grau de controlo sobre as regras da língua, sendo este último mais variável (ex.: stress, fadiga, idade, …) e por isso um reflexo de uma aprendizagem explícita. Em jeito de caricatura nota-se o quão difícil pode ser para um nativo francês falar inglês sem o “sotaque”, pois o sistema fonológico francês sobrepõe-se ao inglês (aprendido mais tarde) e no entanto, no Canadá, como as crianças têm um ensino bilingue precoce conseguem alternar entre o francês e o inglês com total proficiência linguística. A título de curiosidade, existem partes do Canadá em que a herança francesa é mais presente e nesses locais as pessoas falam inglês com sotaque francês, talvez porque para alguns ser falante de uma língua materna é uma questão de lealdade.
Nem sempre uma pessoa bilingue terá o mesmo nível de proficiência nas línguas em que comunica, podendo uma delas ser dominante. A introdução muito precoce das duas línguas é facilitadora do desenvolvimento linguístico devido à plasticidade cerebral. Para o desenvolvimento de ambas as línguas são usadas estruturas cerebrais muito semelhantes e, quanto mais próxima a proficiência em ambas as línguas, mais evidente é esta sobreposição.
Vantagens do Bilinguismo
Tendo em conta a crescente mobilidade da população e a globalização dos meios de comunicação, conhecer mais que uma língua não é só útil… é necessário! Há cada vez mais crianças a crescer bilingues, seja por força das circunstâncias familiares, ou por escolha dos pais.
É tanto mais fácil para a criança adquirir uma segunda língua, quanto mais cedo for introduzida, poupando-se em esforço e, consequentemente, em motivação.
Há evidências de que a capacidade de separar e integrar duas ou várias línguas para pensar e comunicar torna o cérebro mais flexível e capaz de resolver problemas. São também descritas melhores capacidades de memorizar e evocar informação, de compreensão de novos conceitos e de maior facilidade em desenvolver ou aprender outras línguas.
Em famílias com falantes nativos da segunda língua da criança, o facto de partilharem momentos em que falam a mesma língua valoriza a conexão emocional. Estes momentos de interação terão por sua vez impacto positivo no desenvolvimento linguístico e socio-emocional da criança.
A longo prazo, o facto de compreender e usar fluentemente mais que uma língua pode ser uma vantagem social, potenciando até a integração no mercado de trabalho.
Pode ser uma vantagem na recuperação de uma afasia após-AVC e outras condições incapacitantes como a demência e o Parkinson, pois como ambas as línguas não têm a mesma representação neurológica, uma delas pode “sobreviver” por mais tempo à doença, compensando em parte a limitação.
E quando há alterações de desenvolvimento da Linguagem?
A aquisição de linguagem das crianças bilingues difere da criança monolingue e esta é ainda uma área de estudo em que há novas descobertas a cada momento. As crianças bilingues têm que discriminar entre os sons de fala de duas línguas, os diferentes padrões articulatórios, as regras morfo-sintáticas…
A maioria das crianças bilingues começa a falar na mesma altura que crianças monolingues. No entanto, podem usar vocábulos das duas línguas na mesma frase ou “misturar” regras gramaticais das duas línguas. Algumas crianças podem passar por um período, que pode durar vários meses, em que falam menos do que falavam antes quando é introduzida uma segunda língua.
Uma informação importante a reter é que os diversos estudos indicam que o desenvolvimento bilingue da linguagem não causa ou agrava alterações de linguagem que possam existir. O que acontece é que a aquisição de mais do que uma língua materna depende de determinadas competências inatas (nomeadamente da memória de procedimento falada anteriormente) e quando essas apresentam alguma fragilidade, isso reflete-se na aquisição dessa língua ou línguas e portanto, não é a exposição a uma segunda língua que irá limitar o desenvolvimento da linguagem.
Quando há alterações de linguagem estas estarão presentes em ambas as línguas embora nem sempre com o mesmo impacto. Poderemos estar perante uma perturbação de linguagem, em que há um desenvolvimento atípico de competências de compreensão e expressão, ou diferenças na aquisição de linguagem que são semelhantes a um atraso no desenvolvimento da linguagem.
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