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A aquisição da leitura e da escrita trocada por miúdos... para graúdos!
A aquisição da leitura e da escrita trocada por miúdos... para graúdos!
Pedagogia | Fonte: PIN - Centro de desenvolvimento
A língua portuguesa é um sistema fonémico, em que o som é a unidade mais importante, ou seja, a grafemas associam-se sons. Para estabelecer esta relação é necessário aceder à consciência fonológica, ou seja, à capacidade que permite perceber que a linguagem é formada por palavras, as palavras por sílabas e as sílabas por fonemas.
O princípio alfabético abrange as regras de correspondência grafema-fonema e fonema-grafema. A descodificação grafema-fonema é um passo fundamental para aprender a ler: a criança reconhece o desenho da letra (grafema) e corresponde-o ao respetivo som ou sons (fonema). Um dos passos cruciais na aprendizagem da escrita é a descodificação inversa do fonema-grafema, quando a criança reconhece o som e consegue correspondê-lo à letra.
O vocabulário é um indicador transversal em todo o processo de aquisição da leitura e da escrita e que possibilita uma maior compreensão da leitura e, simultaneamente, uma maior diversidade de conceitos para aplicar na escrita. É, por isso, imprescindível ampliar o vocabulário.
A fluência leitora resulta do desenvolvimento das representações fonológicas das palavras e da capacidade em reconhecê-las rapidamente, ou seja, da precisão e rapidez na descodificação. No início da escolaridade, a criança lê mais lentamente porque se baseia no processamento fonológico (conversão grafema-fonema). Com o desenvolvimento desta competência, a velocidade leitora aumenta progressivamente e ocorre o reconhecimento visual das palavras (via lexical). A fluência é um dos fatores responsáveis pela compreensão do que se lê, ao assumir a ligação entre a leitura e a compreensão. A fluência é aferida pelos indicadores de velocidade, de precisão (ausência de erros), de cadência e de entoação de leitura. Um leitor fluente lê com desembaraço, com entoação adequada, com ritmo, com cadência e sem errar, gaguejar ou silabar. A identificação automática das palavras escritas não tem como única função permitir a leitura, mas também possibilitar que a criança mobilize as suas capacidades cognitivas de atenção consciente, de memória e de raciocínio para a compreensão do texto que está a ler.
A compreensão leitora implica o conhecimento explícito da correspondência grafema-fonema (descodificação) e exige fluência no reconhecimento. É necessário identificar rapidamente sílabas, palavras, frases e textos e, simultaneamente, ter a capacidade de interpretar e atribuir sentido às palavras e, por conseguinte, ao conjunto de ideias aí representado. A compreensão é como “a construção do sentido de um texto”, por isso é crucial desenvolver estratégias para melhorar a compreensão leitora, estimulando os hábitos de leitura e tornando as crianças mais ativas no processo de construção de conhecimento, para que possam a entender e atribuir sentido ao discurso oral e/ou escrito.
A leitura de textos não deve ser uma atividade isolada, sendo útil associá-la à escrita, quer de palavras, quer de uma versão de texto nova ou resumida. Aliás, a composição escrita, aliada ao desenvolvimento da compreensão da leitura, tem ganho cada vez mais destaque porque a escrita é hoje um modo de comunicação muito mais frequente.
A composição, ou seja, a escrita, contribui para consolidar a representação ortográfica das palavras, tornando, gradualmente, a sua identificação mais eficiente, e permite avaliar a compreensão dos aspetos mais importantes do texto, como a ordem temporal dos acontecimentos e a articulação das ideias. A reprodução escrita assume-se igualmente como um estímulo à imaginação e à criatividade, através da “reinvenção” do texto, quando a criança é desafiada a mudar um personagem, o tempo ou o espaço, a reescrever um episódio ou a criar outro final. A composição escrita mobiliza conhecimentos linguísticos (léxico, sintaxe, retórica) e conhecimentos relativos ao conteúdo (o tema). O processo de produção escrita compreende três etapas: planificação (recuperação e organização de conhecimentos relativos ao tema, tendo em conta os objetivos e os destinatários), produção de texto (introdução, desenvolvimento e conclusão) e revisão (releitura do que foi produzido para eliminar erros, aperfeiçoar ou acrescentar algo).
As funções executivas, como por exemplo a atenção, a memória de trabalho ou a memória auditiva acompanham todo o processo de aprendizagem e de aquisição da leitura e da escrita. Ou seja, a eficácia da leitura e da escrita está associada à eficácia das funções executivas e aos respetivos processos cognitivos da criança.
Entre as competências facilitadoras da aprendizagem destaca-se a motivação para a leitura, que se traduz no prazer daí retirado e que se associa aos processos cognitivos inerentes ao processo de aquisição da leitura e da escrita. Uma leitura regular permite expandir o conhecimento, aprender novas palavras, entender os significados, compreender a informação oral e escrita e comunicar ideias por intermédio da escrita.
Artigo desenvolvido por:
Francelina Manso - Educação Especial, Núcleo das Dificuldades de Aprendizagem Específicas
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Atualizado em: 2022
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