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Viver com tristeza
Viver com tristeza
Opinião | Sónia Gaudêncio, Psicóloga Clínica
Na realidade, a maioria de nós não sabe ou tem dificuldades em viver com a tristeza, ou melhor dizendo em saber lidar com este sentimento, tão válido ou pertinente como os outros e que faz, sem dúvida, parte das nossas vidas. Mas quantas vezes ouvimos dizer “Não chores! Não fiques assim…”. Mas se a criança está triste, porque não pode chorar? Porque nós não sabemos lidar com isso. Muitas vezes, nem com os nossos próprios momentos de tristeza.
No entanto, em altura de crise como a que atravessamos é natural que os momentos de tristeza estejam mais presentes no nosso dia a dia. Tristeza pelo que poderíamos estar a viver e não estamos; pelos amigos e familiares com quem não convivemos ou pelo menos, não da forma como gostaríamos; pelas festas a que não vamos; pela sensação de segurança e controlo que já não sentimos; pelo emprego perdido; pelo medo de perder a saúde física e/ou psicológica e por uma série de razões que poderia continuar a enumerar.
No entanto, se se sente e identifica com estas situações, não está sozinho, não é o único. E a boa notícia, é que a maioria dos momentos de tristeza são passageiros, e passados alguns dias já nos sentimos melhores, “mais recuperados”, mais animados.
Para além disso, existem formas de ultrapassar essa tristeza, estratégias de coping para aprender a lidar com esse sentimento.
1- Aceitar esse sentimento, tal como todos os outros. É normal termos momentos de tristeza na nossa vida. Não somos “obrigados” a estar sempre bem. O mesmo acontece com as suas crianças.
2- Encarar esses momentos como isso mesmos… momentos, que não durarão para sempre, é também muito importante. Não perca a esperança e encare esta situação como algo que irá ser ultrapassado. Dias melhores virão! Já terá passado e ultrapassado outros momentos difíceis na sua vida.
3- Crie ou reinvente as suas rotinas, mas mantenha objetivos e metas a atingir diariamente ou semanalmente, pois isso ajuda-o a estruturar-se e a não estar focado em pensamentos negativos.
4- Mesmo dentro destas circunstâncias específicas que vivemos, encontre e envolva-se em atividades que lhe deem prazer.
5- Socialize, mesmo que virtualmente, mas não deixe de falar com familiares e amigos. Não se esqueça de expressar o quanto são importantes para si. Verbalize os seus afetos. Nunca um “tenho saudades tuas”, “gosto muito de ti”, “estou grato por te ter na minha vida” fez tanto sentido e pode fazer a diferença no dia de alguém.
6- Sempre que conseguir, recorra ao humor, que é uma estratégia saudável para lidar com situações difíceis, desde que se respeite os outros e não se relativize a gravidade da situação.
7- Sempre que um problema lhe parecer muito grande, tente dividi-lo em partes mais pequenas, para poder lidar com uma de cada vez.
8- Não subestime as suas capacidades. Por vezes, são nos momentos difíceis que percebemos que temos capacidades e competências que desconhecíamos. Confie na sua capacidade de adaptação e ajustamento à situação.
9- Desenvolva boas rotinas de autocuidado: alimente-se bem; faça exercício físico e tenha uma boa higiene do sono.
Desta forma, irá transmitir ao seu filho que a tristeza faz parte da vida e que podemos aprender a lidar com ela da forma mais adequada possível.
Se mesmo assim, e passado duas semanas, se continuar a sentir permanentemente triste e isso interferir com o seu funcionamento diário, com o seu bem-estar e as suas rotinas, então não hesite em procurar ajuda especializada.
Recorrer a um psicólogo não é sinal de fraqueza nem deve ser motivo de vergonha. Saiba que a saúde mental é tão importante como a saúde física. Cuide de si e dos seus! Fique bem!
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