O LU.CA faz anos! Conheça melhor o teatro com 8 perguntas e respostas

 

 

Susana Menezes (SM): Cada ano foi uma surpresa. Naturalmente que vivemos as dores de parto da abertura, uma enorme felicidade e uma grande azáfama. Depois veio a pandemia em dois anos totalmente atípicos. Descobrimos que podíamos fazer uma programação específica desenhada para o online. Foi assim que chegámos às pontas e ao meio do país e deixamos de ser apenas da cidade de Lisboa. Neste momento estamos a viver um tempo novo, a construir boas relações de continuidade com as famílias e as escolas. A sala do LU.CA está cheia de crianças, como ainda não tinha tido, agora numa relação regular com os públicos e ao vivo num teatro que já conhecem. Durante este tempo nunca perdemos de vista a nossa missão, é clara, e isso dá muita confiança aos pais e aos professores. O balanço é muito positivo.

SM: Quando me convidaram para vir dirigir este teatro o espaço já estava requalificado por isso foi necessário instalar um programa e um formato de atividade compatível com o edificado, neste caso um teatro à italiana do séc. XIX. A minha prática de programação era de abordagem contemporânea. O desafio foi, e é, apresentar propostas artísticas que encontrem um desafio nas particularidades deste espaço, que, ao contrário de problemas, funcionem como inputs criativos e retirem o maior partido das características únicas do LU.CA.

SM: Porque a cidade de Lisboa precisava de um teatro vocacionado para estes públicos, porque as crianças e os jovens têm direito a um teatro que pense sempre neles, que os ponha no lugar da frente e na sala principal. E que ao mesmo tempo, favoreça e apoie os artistas que se dedicam a criar para estes públicos e estas práticas.

SM: Começamos a programar com dois anos de antecedência, procurando sempre alternar faixas etárias e formatos artísticos, tempo letivo e civil, entre outros, sem esquecer os ciclos temáticos que procuramos que se distribuam pelo ano em função da pertinência do tópico no seu tempo.

SM: Vejo a cultura como um conteúdo. Podemos aprender e ficar mais disponíveis para nos relacionarmos com os conteúdos e as práticas culturais. O nosso papel, enquanto instituição cultural vocacionada para a programação dirigida às crianças e aos jovens, é promover neles a curiosidade, o reconhecimento e respeito pelo que é diferente. Criar dispositivos que permitam uma aproximação às artes e à cultura no seu tempo transmitindo uma ideia de subjetividade e de relevância.

SM: Identificar claramente para quem estamos a comunicar. Encontrar o melhor canal e a linguagem certa.

SM: Investimos na programação online acessível e na apresentação de Sessões Descontraídas, LGP e audiodescrição em 85% dos espetáculos que programamos e na plateia aumentamos o número de lugares disponíveis de cadeiras de rodas, para pessoas com mobilidade reduzida.

SM: Através do exemplo sempre e na apresentação de espetáculos e ciclos temáticos que cobrem essas matérias através de diferentes pontos de vista e formatos artísticos. Programamos o Ciclo +AZUL (fevereiro de 2020), vocacionado para a sustentabilidade, na atual temporada apresentamos O Estado do Mundo da Formiga Atómica e neste mês a bióloga marinha Ana Pego vai orientar a oficina os Pequenos Artivistas onde crianças e adultos vão descobrir formas de transformar o lixo, que encontram nas praias, em novas criações artísticas.