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Intervenção em contexto de escola. Não é só porque sim, ou porque não
Intervenção em contexto de escola. Não é só porque sim, ou porque não
Opinião | Judite Ferreira, Técnica Superior de Educação Especial e Reabilitação
Todos os pais têm uma vida atribulada: as suas atividades profissionais, a gestão doméstica e familiar, a escola e as atividades extracurriculares das crianças, as atividades que os pais também têm direito a ter para si próprios, o tempo em casal… Tudo é importante, tudo é necessário, tudo é difícil. E nada é novidade.
Quando a estas situações acresce uma criança que por alguma razão necessita de suporte terapêutico, as dificuldades aumentam. Pelo tempo despendido ao levar e permanecer nas terapias (sim, porque os pais devem permanecer e participar nas terapias) e por toda a gestão que isso implica. Quem não passa pela situação poderá afirmar: é como uma outra atividade extra. Mas quem passa pela situação sabe que não o é. De todo. É gerir a vida familiar de forma a saber quem será a pessoa mais indicada para ir com a criança à terapia, é reunir informação para trocar com a terapeuta, é partilhar a informação entre os vários intervenientes, é tentar que a criança esteja bem para que a sessão seja produtiva, entre muitas e variadas outras razões.
Uma intervenção em contexto não deverá ser a opção escolhida tendo como argumento único o facilitar as deslocações aos pais, se bem que, por vezes, também é necessário ter este ponto em atenção. Deve compreender-se que uma intervenção terapêutica não se restringe ao momento da terapia em si. Não é esse tempo que fará diferença na vida da criança, principalmente se ela tiver dificuldade em generalizar as aquisições para outros contextos. O importante é ela aplicar as aprendizagens nas variadas situações do seu dia a dia. Daí a importância do trabalho colaborativo entre todos e a participação ativa dos pais nas sessões. Este é o ponto principal para que os pais estejam presentes nas terapias.
Então, se a intervenção for em contexto escolar, ganha-se na articulação com os elementos da escola. Claro que sim. Importantíssimo. Principalmente quando compreendemos o número de horas que as crianças passam na escola. No entanto, não fará sentido uma intervenção terapêutica decorrer no contexto educativo se não houveram dificuldades/problemas neste mesmo contexto. O objetivo desta forma de intervenção é o desenvolvimento de um trabalho de colaboração/suporte entre terapeuta e professores/educadores/técnicos para que a criança tenha as mesmas oportunidades que os pares e explore todo o seu potencial.
Mais uma vez não existe uma resposta única, devendo cada caso ser analisado de forma individual. Há crianças que necessitam de um trabalho individualizado para uma maior consistência das aprendizagens com o intuito de posteriormente proceder à transição para o contexto de grupo. Outras crianças necessitam que o suporte ocorra diretamente no momento de grupo, integradas com todos os colegas. O que nunca deverá acontecer é uma intervenção individualizada, sem trabalho de colaboração entre todos os elementos envolvidos. Todos devem estar conscientes dos objetivos a serem trabalhados e estratégias a implementar. Só desta forma o trabalho de equipa faz sentido e só assim se observam resultados: a evolução da criança.
A resposta em massa nunca foi nem nunca será uma resposta adequada. Não respeita a individualidade de cada um e como tal não proporciona as mesmas oportunidades a todos.
A decisão da intervenção em contexto, assim como os moldes em que deverá decorrer, segue os mesmos parâmetros. Muitas vezes não existe o certo e o errado. Existe o mais acertado.
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