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Família com estilo S: Fernandes
Família com estilo S: Fernandes
Rúbrica Famílias
Estrelas & Ouriços (E&O) - Consideram-se uma família sustentável, social, ambiental e economicamente?
Família Fernandes (FF) - É um pouco difícil dissociar esses três eixos. Nós tentamos fazer opções na nossa vida que nos permitam ter uma vida mais sustentável, sobretudo ao nível ambiental, que é o mais desafiante, por implicar uma mudança de hábitos profunda, e mais urgente, porque já percebemos que o planeta não aguenta o nível de consumismo que tem vindo a crescer nos últimos anos. Temos por base a política dos 5 R’s: reduzir, reciclar, reutilizar, recusar e repensar. Procuramos evitar o desperdício alimentar, tentando consumir sempre tudo o que compramos.
E&O - São criteriosos na escolha dos produtos?
FF - Ao nível económico e social, procuramos consumir produtos nacionais e locais tanto quanto possível, apoiando produtores locais, o que também tem implicações ao nível ambiental (pegada ecológica menor). Procuramos também optar por alimentos biológicos e da época e produtos provenientes de formas de produção sustentável. Por exemplo, há uns anos, começámos a comprar os nossos legumes a produtores locais, através do programa PROVE. Ainda é difícil saber a proveniência de alguns produtos, o que nos não nos permite fazer sempre escolhas conscientes a este nível.
E&O - De que outras formas envolvem as crianças neste tipo de questões?
FF - Em termos de sustentabilidade, penso que um dos desafios que por vezes surgem tem que ver com os brinquedos. Por exemplo, em cada aniversário, os brinquedos e as embalagens não têm fim. E nem são coisas que sejamos nós a comprar, mas os familiares e amigos oferecem com toda a generosidade.
Uma outra preocupação que tivemos foi com os resíduos das festas de aniversário. Há uns anos, resolvemos comprar um conjunto de loiça para as festas. Em cada festa, pedimos aos convidados que escrevam o seu nome na loiça que estão a usar (copos, taças…), mantendo-a até ao final. No fim da festa, recolhemos, lavamos tudo e voltamos a usar na festa seguinte.
E&O – Desde que são pais, as preocupações a este nível aumentaram?
FF - Sempre tivemos algum cuidado com as questões ambientais, mas, desde que somos pais, esses cuidados estenderam-se a outras áreas. Por exemplo, tínhamos muito menos cuidado com a nossa alimentação do que temos atualmente. Hoje em dia, para além de procurarmos opções biológicas e de preferência da época, procuramos reduzir o consumo de açúcar, variar mais a nossa alimentação, menos alimentos processados e/ou embalados, o que também é bom para o ambiente. Continuamos a procurar atividades ao ar livre para passar o nosso tempo em família.
E&O - O vosso regime alimentar assenta no vegetarianismo. Qual a principal razão da vossa escolha?
FF - A Joana deixou de comer carne há 14 anos, por uma alimentação e um planeta mais saudável. À medida que a família foi crescendo, não fazia sentido estar a dar aos nossos filhos uma alimentação diferente da nossa, na qual não víamos benefícios. Por isso, desde sempre os nossos filhos seguiram uma dieta semelhante à nossa, sem carne.
E&O - Que dificuldades encontram na prática, nomeadamente na gestão diária e fora de casa com os miúdos?
FF - Hoje em dia, é muito mais fácil encontrar opções vegetarianas em praticamente qualquer lugar, mesmo nas escolas, públicas ou privadas, já há essa sensibilidade. No entanto, há ainda algum caminho a ser percorrido no que respeita ao equilíbrio nutricional de algumas refeições.
No dia a dia, há também imensas opções diferentes que podemos preparar para, por exemplo, o lanche da escola. No nosso caso, é por vezes difícil variar porque temos um filho que não é muito adepto de experimentar sabores novos.
Com as partilhas nas redes sociais e o interesse crescente por uma alimentação saudável, também já há muitas receitas vegetarianas caseiras de preparação fácil e rápida. Mas penso que o vegetarianismo, pelos menos na nossa perspetiva, está associado a um abrandamento do ritmo de vida, o que faz com que possamos ter mais tempo para dedicar à preparação das nossas refeições.
E&O - Em matéria de dinâmica desportiva, vocês são o casal que leva os filhos aos Passadiços do Paiva com 3 e 2 anos… Como foi a experiência?
FF - Desde sempre que levamos os nossos filhos em pequenas caminhadas connosco, pela floresta, ao fim de semana. Estão muito habituados a caminhar e, a cada ano, vamos aumentando um pouco o desafio. Fizemos os Passadiços do Paiva há 4 anos, eles tinham 3 e 2 anos.
Nessa altura, uma parte significativa do percurso foi feito com eles ao nosso colo, mas não quisemos adiar essa experiência. No ano passado, durante as férias, fizemos caminhadas diárias de cerca de 10 quilómetros com eles completamente autónomos. Tentamos respeitar o ritmo deles, fazendo pausas ao longo do caminho, tento cuidado com a hidratação e a energia.
E&O - Que desportos praticam? E em família?
FF - O Xavier pratica natação e já praticou Krav maga. A Violeta faz ginástica. O Marcos BTT e a Joana yoga. Em família, além das caminhadas, costumamos dar passeios de bicicleta.
O facto de praticarem desporto tem sido uma aprendizagem muito construtiva. Por vezes, chegam a casa frustrados e com vontade de desistir. Procuramos dar-lhes apoio nestas situações e mostrar-lhes que as situações difíceis têm o potencial de nos dar a oportunidade de nos superarmos a nós próprios. Partilhamos inclusive as nossas próprias dificuldades no nosso trabalho, na nossa vida fora da família, para que percebam que não estão sozinhos.
E&O - Que sentido encontram em ser uma família solidária?
FF - Ser solidário é um gesto do dia a dia, em pequenas coisas que, muitas vezes, não têm uma visibilidade muito significativa, mas que, para as pessoas envolvidas, podem fazer a diferença. Partimos do princípio de que juntos conseguimos construir um mundo melhor.
Além das ações de voluntariado que já referimos, procuramos apoiar causas que consideramos importantes tanto quanto possível. Um exemplo muito simples, mas que pode fazer a diferença, é a doação de uma parte do IRS a uma instituição que, naquele momento, tenha um impacto significativo. É um gesto simples que pode fazer a diferença. Mas não precisamos de estar à espera de uma grande causa para agirmos, dentro daquilo que são as nossas possibilidades, claro.
E&O – Em matéria ambiental, também se envolvem em família.
FF - Participamos com alguma regularidade em atividades de voluntariado, por exemplo, as promovidas pela Cascais Ambiente. Embora o nosso concelho de residência não seja Cascais, sentimos que este trabalho (apanhar lixo na praia, recuperar dunas, plantar árvores, construir abrigos para aves…) tem um impacto ambiental importante e por isso contribuímos com o nosso tempo e trabalho e para os miúdos é sempre uma aventura. Achamos que desta forma também estamos a educá-los para respeitar o ambiente e mostrar-lhes que também eles têm o poder de intervir para um mundo melhor. Esta iniciativa em particular uma iniciativa interessante de ver noutros concelhos da AML.
E&O - Qual foi o momento mais difícil que enfrentaram enquanto família e como o superaram?
FF - Felizmente, não temos tido crises significativas. Mas, no ano passado, numa das nossas caminhadas, ficámos sem água e sem comida, no regresso. Estava calor e o caminho tinha pouca sombra. Os miúdos começaram a ficar cansados (e nós também) e, a certa altura, tornou-se mesmo difícil de suportar.
Ao vermos que o cansaço nos estava a vencer, reagimos de uma forma muito simples e com aquilo que tínhamos à nossa disposição: pusemos a nossa playlist de férias a tocar no telemóvel, com as músicas mais alegres a tocar e fomos imaginando e partilhando o que gostávamos de fazer quando a caminhada acabasse. O facto de nos focarmos no objetivo, ao mesmo tempo que sentíamos a energia da música, contribuiu para nos superarmos e superarmos este desafio.
E&O - Em que pilares acreditam que deve assentar a vida em família, de forma a imprimir a capacidade de superação nos filhos?
FF - Apoio, confiança, amor, que acreditem neles próprios e saberem que quando estamos juntos a vida é muito mais divertida. Que saibam que há dias em que as coisas não correm bem, mas que esses dias não determinam quem somos e como devemos viver a nossa vida.
E&O - Há um segredo para ser uma família feliz?
FF - Acho que todas as famílias têm a sua forma especial de serem felizes. Há sempre momentos melhores e momentos piores. Ser uma família é saber ouvir, é aproveitar os momentos bons para descontrair e nutrir emocionalmente e depois usar essa “almofada” para superar os momentos mais difíceis.
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