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A VOZ DAS CRIANÇAS
A VOZ DAS CRIANÇAS
Partilhas por Catarina Furtado
Nas crianças de hoje coabitam a ingenuidade e a definição de sucesso, a qual já lhes pesa, por força da sociedade atual e das redes sociais, onde há uma permanente comparação com os outros.
Pode pensar-se que, em televisão, tudo é manipulado, mas neste programa as crianças perguntam mesmo o que bem lhes apetece e sentem o estúdio como delas. Tenho aprendido muito sobre estas “novas” crianças. Há mais de 20 anos que apresento programas em que os protagonistas têm entre 4 e 10 anos, mas há diferenças substanciais. A inocência, ingenuidade e capacidade de sonhar mantêm-se, mas hoje existe uma consciência muito presente do mundo das câmaras que, necessariamente, deixa os miúdos mais desconfiados e desafiadores. Uma criança que há 20 anos se deixava levar num “apanhado” inofensivo que eu lhe preparava, hoje tem uma visão de 180 graus que lhe permite desmontar o enredo.
Os sonhos também se transformaram. Ser um youtuber famoso e uma pessoa rica estão entre os mais populares. No primeiro programa, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa foi entrevistado e mostrou-se espantado com a estratégia de uma das crianças para um futuro endinheirado – queria ser geóloga por causa das pedras preciosas… Ou seja, nestas crianças, coabitam a ingenuidade e a definição de sucesso, a qual já lhes pesa, por força da sociedade atual e das redes sociais, onde há uma permanente comparação com os outros.
Há tempos, vi um vídeo em que crianças de Espanha e do Uganda falam dos seus desejos. As espanholas sonham ser ricas, conhecer famosos, acabar com o bullying e ter super-poderes. Já as ugandesas sonham ter mais comida, vestir roupa nova, viver numa casa decente, ir à escola, ser professores/as, conduzir um carro ou um barco e... ser ricas. No final das entrevistas, mostraram às crianças espanholas os sonhos das crianças do Uganda e o discurso das primeiras mudou: desejavam ver realizados os sonhos das crianças ugandesas.
É tudo, ou quase tudo, uma questão de educação e de promoção da empatia – sabia que, na Dinamarca, esta já é uma disciplina curricular?
Estou muito feliz por dar tempo de antena às opiniões das crianças. Sou toda ouvidos!
Catarina Furtado
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