A Estrelas & Ouriços tem uma nova rubrica! As FAQ para Pais têm como objetivo esclarecer dúvidas na área da saúde infantil, com a colaboração do pediatra Dr. Hugo Rodrigues, autor do projeto Pediatria para Todos. Em resposta às questões, que sondamos junto dos pais, a jornalista e mãe Joana Leitão estará à conversa, ao vivo, com este especialista na matéria. Saiba como foi a live desta semana!

A primeira live FAQ para Pais no Instagram aconteceu esta terça-feira, 24 de setembro, e abordou temas que causam grande preocupação neste regresso às aulas. Quais as causas de maior ansiedade nas crianças por esta altura?

Em primeiro lugar, o Dr. Hugo desconstruiu a ideia de que o início das aulas tem de ser um momento de ansiedade, referindo que “nós adultos complicamos muito mais do que as crianças; apesar de ser com boa intenção, quase que lhes transmitimos e incutimos essas ansiedades”.

A verdade é que qualquer início de uma nova etapa traz sempre alguma insegurança, que pode até ser boa e que “nos faz ser mais observadores”.

Conselhos do especialista:
• Tentar não passar muita dessa ansiedade para os filhos. Se o fizermos não estaremos a ser justos para com eles.
• Respeitar o tempo. Na esmagadora maioria das vezes, o tempo é nosso amigo, porque ajuda a solucionar grande parte das situações que parecem ser problemáticas e que nem sempre são. Exemplo: cólicas dos bebés, refluxo, dificuldades alimentares, infeções víricas, birras, etc.”

Da sondagem prévia que a Estrelas & Ouriços fez no Instagram, eis o feedback que recebemos, acompanhados das dicas do Dr. Hugo:

47% dos pais acredita que é a adaptação a novas rotinas a causa de maior ansiedade
Depois das férias, ajustar-se a uma nova rotina nem sempre é fácil. Dormir e acordar cedo, ter horários fixos e responsabilidades são mudanças que exigem adaptação e podem gerar stress.

Conselhos do especialista:
• O ideal é ir preparando as rotinas novas, os horários novos (que são diferentes das rotinas das férias).
• Olhar para os nossos filhos e para a nossa família e estabelecer prioridades igualmente importantes: as horas de descanso e da refeição em conjunto são fundamentais, bem como as horas de brincar, nomeadamente com os adultos. Desta forma, estamos a ir ao encontro das necessidades básicas da maior parte das crianças. É importante estarem uns para os outros.
• Ajustar as particularidades às necessidades de cada família, incluindo também as atividades de lazer, TPC, desporto e outras.

26% dos pais sente que é a socialização entre crianças
O medo de não ser aceite, de fazer novos amigos ou de enfrentar situações de bullying pode ser uma grande fonte de ansiedade. Para algumas crianças, voltar à escola significa lidar com relações sociais complexas.

Conselhos do especialista:
• Sendo possível antecipar algumas situações, convém não sofrer de véspera e dar espaço à criança para ser ela própria, sem condicionar demasiado os seus comportamentos – quanto mais genuínas forem as crianças, mais facilidade vão ter em adaptar-se.
• Frases como “deves ser amigo de todos” devem ser evitadas.
• Os pais devem confiar nas crianças e ficar na retaguarda, ir supervisionando, para intervir caso seja necessário.
• Bullying – trabalhar em casa para que não sejam as nossas crianças os bullies, ensinando-as a respeitar a diferença. Desta forma, vão perceber quando não estão a ser respeitadas.
• É importante as crianças saberem pedir ajuda e dizer “não”, interiorizando esta competência social, tão necessária em todas as fases da vida.

16% dos pais acha que é a separação dos pais/família
Nos primeiros dias de aulas, a separação entre pais e filhos é uma situação que tende a afetar as crianças. O medo de ficar longe dos pais, a ansiedade perante o novo ambiente escolar e o receio do desconhecido são sentimentos comuns. Tanto as crianças como os pais podem sentir angústia com este processo de separação.

Sair da escola e deixar o filho(a) a chorar. Quem nunca? Qual a melhor atitude a tomar neste tipo de situações?

Conselhos do especialista:
• Tranquilizar as crianças e tentar que as despedidas sejam cada vez menos prolongadas.
• Conhecer o perfil das crianças e pedir o apoio dos professores e das auxiliares, sendo importante também monitorizar como é fica a crianças depois da despedida. É fundamental confiar no triângulo pais, crianças e profissionais da escola.
• Valorizar o tempo que pais e filhos estão juntos, mostrando, ao ir buscar à creche, que o tempo que ficaram afastados foi “curtinho” e que podem fazer um programa em conjunto. No fundo, encontrar momentos que possam ser âncoras para a organização do resto do dia, ajudando a regular as suas emoções no que toca à separação.

11% dos pais defende que é a gestão de expectativas
A pressão para corresponder às expectativas dos pais e professores, seja em termos de comportamento ou rendimento escolar, afeta o dia a dia escolar dos mais pequeninos.

Conselhos do especialista:
• Os pais não devem colocar o foco nas notas, criando pressões desnecessárias. Na verdade, até ao 10.º ano, não são determinantes.
• Alerta escolas e professores! É importante que incluam momentos para brincar, que respeitem os intervalos e que não os retirem às crianças – não haverá benefícios para ninguém nem melhorias do rendimento escolar.

Quanto mais feliz e funcional for a família como um todo, incluindo a união nas adversidades, mais felizes vão estar as partes, nomeadamente as crianças!

SAVE THE DATE: 4 de NOVEMBRO

Fique atento  ao tema da próxima live!

regresso às aulas FAQs para pais

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Como saber se o seu filho está preparado para o 1ª ano? Como gerir a ansiedade da criança no regresso à escola e às rotinas?

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Pediatra Dr. Hugo Rodrigues

O Dr. Hugo Rodrigues é pediatra na Unidade Local de Saúde do Alto Minho, em Viana do Castelo e docente na Escola de Medicina da Universidade do Minho, formador pelo European Ressuscitation Council, na área de Emergências Pediátricas
É autor do projeto “Pediatria para Todos” e presença regular nos meios de comunicação social – TV, imprensa escritas e canais digitais.
Já publicou livros como: “O Livro do seu Bebé” (Contraponto, 2020) e “O Livro Mágico do Avô João” (Porto Editora, 2020).