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Se já ouviu falar de enurese, tem de ler este artigo
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Desenvolvimento infantil | Apoio: Bambo Nature
O seu filho tem perdas de urina após os 5 anos de idade e isso preocupa-o? Pode ser um caso de enurese. A psicóloga clínica e diretora da Estima+, Sónia Gaudêncio, desmistifica um problema frequente nas famílias.
A enurese na infância é um problema conhecido por muitos pais. Definida pela perda involuntária de urina anómala à idade, é uma disfunção mais comum do que parece, em que, muitas vezes, faltam soluções claras.
Uma das dificuldades prende-se com o tamanho da fralda a usar durante a noite, dado que a criança já não usa o tamanho de bebé, nem tem tamanho suficiente para usar ainda o de adulto. Felizmente, há marcas que já apresentam soluções, como a Bambo Nature, que dispõem de fraldas noturnas até aos 15 anos, tanto para menino como para menina, sem perfume e sem parabenos, para minimizar o risco de alergias e assaduras.
Inúmeros fatores, desde genéticos a psicológicos, contribuem para a existência de perdas de urina após os cinco anos de idade. Numa tentativa de desmistificar o tema, a psicóloga clínica Sónia Gaudêncio responde às perguntas mais comuns dos pais sobre o tópico. A enurese tem, de facto, muito que se diga, sendo, ainda assim, um obstáculo ultrapassável com informação clara.
Estrelas & Ouriços (E&O) - Quando os pais sabem que estão perante uma disfunção como a enurese? Quais são os diferentes tipos?
Sónia Gaudêncio (SG) - Segundo o DSM-V, para falarmos de enurese têm que estar presentes alguns critérios. Eliminação repetida da urina na cama ou na roupa, voluntária ou involuntária; frequência mínima de duas vezes por semana por pelo menos três meses consecutivos ou então que cause sofrimento ou prejuízo significativo no funcionamento social, académico ou em outras áreas importantes do indivíduo; e idade cronológica de, no mínimo, 5 anos.
Esta não deve estar associada a efeitos fisiológicos de substâncias (diuréticos e medicamente antipsicótico) ou a outra condição médica (diabetes, espinha bífida, transtorno compulsivo). A enurese divide-se também em três subtipos, incluindo noturna, diurna ou uma combinação de ambas.
Podemos ainda falar de enurese primária, se a criança nunca apresentou um período de controlo dos esfíncteres, ou secundária, quando se verificou um período de pelo menos 6 meses de controlo dos esfíncteres e depois deixou de haver. Estudos mostram que a prevalência da enurese primária é superior à secundária.
E&O - Quais as origens deste problema? Além de fatores corporais, o psicológico tem também impacto?
SG - A enurese pode ter uma etiologia multifatorial. Podendo ser um sintoma resultante de diversos fatores predisponentes, de natureza social, psicológica e anatómica. É mais frequente em crianças que urinam mais vezes por dia, nas que têm dificuldades no sono ou que apresentam disfunção da bexiga.
Parece também existir uma predisposição genética para esta condição. Na história familiar de crianças com enurese encontram-se, com frequência elevada, situações de enurese na infância de familiares diretos. Estudos mostram que a probabilidade de um casal em que apenas um dos membros foi enurético ter um filho com enurese é de cerca de 40%. Por outro lado, aumenta para cerca de 70% quando em ambos os progenitores ocorreu o mesmo problema.
Não se demonstrou que a ocorrência de eventos sociais stressantes ou alterações familiares tenham relação com a enurese. No entanto é recorrente situações de enurese secundária surgirem depois de situações como o nascimento de um irmão, doença ou falecimento de familiares, mudanças de casa ou de escola. O que significa que existem situações a nível emocional que podem predispor para esta enurese secundária.
E&O - Quais as principais consequências associadas à enurese?
SG - Psicologicamente, a enurese deixa as suas marcas e as crianças com enurese desenvolvem, frequentemente sentimentos de vergonha e ansiedade. Pode afetar a sua autoestima, levar a dificuldades de socialização, bem como a perda de qualidade de vida e de rendimento escolar. A criança, por exemplo, ter vergonha de ir dormir a casa de amigos, tendo receio que descubram os seus “acidentes” e que gozem com ela.
Os pais também sofrem algumas consequências, nomeadamente podem desenvolver perturbações do sono. Não é fácil todo o ritual de mudar lençóis e pijama ou mesmo de levantar com alguma frequência para colocar a criança a fazer xixi. Podem também revelar maiores níveis de ansiedade, agressividade e frustração, o que pode afetar a qualidade da relação pais-filhos e o ambiente familiar, havendo um aumento da tensão emocional.
E&O - Como distinguir entre uma situação normal e comportamentos que já deviam ter desaparecido com a idade?
SG - Haver um acidente pontual (fazer xixi na cama ou ter um descuido) numa situação específica não deve ser sinal de preocupação, por exemplo logo após o desfralde ou mesmo mais tarde, se acontecer uma vez por outra, por exemplo uma vez por mês. Deixa de ser uma situação “normal” quando estão presentes os critérios mencionados, que permitem fazer o diagnóstico de enurese.
E&O - Enquanto pai, o que posso fazer de modo prevenir esta patologia?
SG - Não existe uma forma específica de a prevenir, mas existem algumas regras que podem ajudar a reduzir o seu impacto e a sua ocorrência. Por exemplo, reduzir a ingestão de líquidos depois do jantar, diminuir o consumo de sal para evitar a ingestão de mais líquidos e incentivar a criança a ir à casa-de-banho antes de se ir deitar. Aposte sempre no reforço positivo, sempre que a criança consegue controlar os esfíncteres, e evite zangar-se.
E&O - Qual o segredo de gerar uma compreensão mútua entre pais e filhos em caso de enurese? Como explicar sem pressionar a criança?
SG - Não existe propriamente um segredo. Mas é importante que se transmita a mensagem à criança que são os seus aliados e que a vão ajudar a controlar os seus esfíncteres e a deixar de fazer xixi na cama.
Os pais podem mostrar compreensão suficiente para os acidentes que possam acontecer durante todo este processo. É preciso muita calma e paciência e alguma resiliência para conseguir ultrapassar a enurese. Ajuda vê-la como uma fase passageira que, juntos, irão conseguir ultrapassar. Quanto mais tranquilidade e compreensão passarem às crianças, estarão a ajudá-las a conseguir ultrapassar o problema.
E&O - Quais as opções de tratamento disponíveis?
SG - O tratamento pode incluir diversas abordagens: farmacológicas, comportamentais, uso de alarmes, acupunctura, técnicas de psicoterapia e programas de treino. Os medicamentos mais utilizados são a desmopressina e antidepressivos tricíclicos, mas não devem ser utilizados em crianças com menos de seis anos de idade.
As intervenções comportamentais incluem, desde métodos simples de recompensa, a treino de retenção urinária ou a métodos comportamentais que envolvem toda a família. A utilização de alarmes já mostrou ser eficaz e mesmo superior à utilização de medicamentos. O importante a salientar é que nunca se deve culpar ou castigar a criança, mas sim recompensá-la pelos sucessos alcançados.
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