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O SABER NA PONTA DOS DEDOS
O SABER NA PONTA DOS DEDOS
Desenvolvimento | Fonte: PIN - Centro de Desenvolvimento
A Disgrafia, nas perturbações do Espetro do Autismo, é um problema persistente que afeta o ato motor da escrita e, consequentemente, o seu traçado. As novas tecnologias podem ajudar...
Tal como as demais dificuldades de aprendizagem específicas, a Disgrafia pode ser devastadora para a autoestima de uma criança. A escrita de uma simples frase envolve uma complexa sincronização de funções motoras e cognitivas. Uma dança precisa e delicada entre o pensamento e o movimento interrompida ou atrasada pela Disgrafia. Perturbações a este nível podem interferir com a capacidade de expressão e de apresentação dos conhecimentos por via da escrita.
Apesar de não constituírem um sintoma essencial ao diagnóstico de Perturbação do Espetro do Autismo (em particular, a Síndrome de Asperger), frequentemente encontram-se lacunas no controlo motor e na perceção visual que contribuem para uma deficiente qualidade de escrita. Existe um efetivo e acrescido risco de presença de uma Disgrafia em crianças com esta perturbação.
Para algumas, as produções são ilegíveis (para os outros, mas também para as próprias), a pinça é executada de modo grosseiro/desajeitado e a forma das letras revela-se extremamente irregular. Para outras, o desenho das letras é aceitável, mas fazem-no à custa de dor, de muito esforço e de uma evidente demora. No final, a folha esborratada e desarrumada é o campo de batalha que espelha os confrontos que diariamente se travam.
Disgrafia: obstáculos e soluções
Apesar de existir heterogeneidade no desempenho escrito das crianças com Perturbação do Espetro do Autismo (em resultado da heterogeneidade inerente ao espetro que as caracteriza), a rigidez no traçado, o desalinhamento da escrita e as alterações na dimensão, apresentam-se como características típicas da sua caligrafia, que habitualmente resultam em comprometimentos na legibilidade das suas produções.
Pais e professores muitas vezes procuram justificar estas reais limitações na escrita com o reduzido empenho e desleixo das crianças. Contudo, arrisco-me a afirmar que não haverá uma criança disgráfica que o seja por preguiça. Como pode uma criança que tem de reescrever o que já tanto lhe custou a fazer, que passa os intervalos a trabalhar e que demora a terminar o que os colegas terminam em cinco minutos, ter interesse em que a situação continue?
Se pensarmos que grande parte do tempo escolar é despendido em tarefas de escrita, facilmente depreendemos que os obstáculos sentidos adquiram um eco desmedido. A frustração que resulta irá funcionar nas experiências seguintes como um óbvio entrave.
Poderão ser realizadas inúmeras acomodações para as crianças com Disgrafia, mas a utilização da tecnologia é uma forma efetiva de minimizar algumas das suas dificuldades. O uso do computador, e em particular, do processador de texto, traz óbvias vantagens: permite editar e corrigir o que foi redigido sem necessidade de o escrever novamente, efetuar cópias apresentáveis de um trabalho ou visualizá-lo em diferentes dispositivos e introduzir conteúdos por intermédio de um teclado (e não pela manipulação de uma caneta).
Além dos benefícios técnicos incontestáveis, o uso do computador é um claro incentivo à escrita, sobretudo, para as crianças com Perturbação do Espetro do Autismo, que habitualmente partilham este interesse.
Na escola do futuro (corrijo… do presente), o saber não está mais na “ponta” da caneta, mas na “ponta” dos dedos.
Artigo desenvolvido por,
Carla Cohen - Psicóloga Educacional & Técnica Superior de Educação Especial e Reabilitação
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