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O PAI E A MÃE CABEM OS DOIS NO SAPATINHO
O PAI E A MÃE CABEM OS DOIS NO SAPATINHO
Opinião | Rosário Carmona e Costa, psicóloga clínica
Quanto mais presente o pai estiver no desenvolvimento dos filhos, melhor para todos. O Natal não é exceção.
A importância dos pais (homens, “fathers”) no desenvolvimento dos filhos, a todos os níveis, foi um dos temas que marcou o Congresso Mundial de Saúde Mental Infantil, em Roma. Por ter reparado que havia variadíssimas referências a este tema ao longo do programa, escolhi uma sessão de hora e meia com o título “Por que é que os pais são sempre deixados de fora?”.
E, de facto, quantas vezes não damos por nós a alimentar a expetativa de que o pai não irá cuidar da criança tão bem como a mãe? Quantas vezes não damos por nós a explicar aos pais coisas que não nos passariam pela cabeça explicar às mães? Os pais (homens) têm um papel de importância vital no desenvolvimento dos filhos. E começa agora a surgir um robusto corpo científico que se dedica a comprová-lo:
- Menos envolvimento da figura do pai nas brincadeiras com os filhos está relacionado com menos capacidade de a criança desenvolver competências de autocontrolo e autorregulação (Mireault et al., 2015);
- Crianças cujo pai se dedica com mais frequência às brincadeiras e jogos simbólicos são mais responsivas aos adultos e mais autoconscientes (Pote et al., 2018);
- A forma como os serviços de saúde preparam e envolvem os pais no futuro nascimento e primeiros momentos do bebé é determinante para a atitude do pai relativamente ao novo filho (Bristow et al.m 2018);
- Menor envolvimento do pai nos cuidados, nas brincadeiras e nas rotinas está relacionado com menor volume cerebral e diferenciação neuronal, bem como com uma linguagem mais pobre (Vaheshta et al., 2018).
Infelizmente não é possível que todas as crianças tenham os seus pais por perto e, na mesma medida, os novos desafios trazidos pelos casais homossexuais implicam nova e futura investigação. Mas, para já, é incrível que a ciência nos esteja a demonstrar aquilo que, de certa forma, já nos era intuitivo: os filhos precisam do pai e da mãe para o desenvolvimento de todas as suas potencialidades, e é fundamental que o paradigma social se possa ir alterando, ao seu ritmo, no sentido de compreender que a imagem do pai que está sempre fora, “a lutar pela família”, é, muitas vezes, uma necessidade criada e fictícia e não uma necessidade real das famílias – que beneficiam, sempre, quando todos são incluídos na dinâmica familiar, e ainda mais no caso de pais separados. Porque cada um, na sua originalidade, traz um contributo ao crescimento do outro.
Disclaimer final: esta crónica não é indiferente às características únicas de cada família, que possuem, à sua maneira e na sua realidade, em si mesmas, todo o potencial de viver em harmonia e crescer com saúde.
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