Título
Intervenção Precoce: é importante estar presente?
Intervenção Precoce: é importante estar presente?
A verdade é que são inúmeras as dúvidas, reflexões e perguntas que nos chegam através de vocês, cuidadores, no início, e durante a intervenção terapêutica com uma criança… Mas a pergunta “Posso entrar na sessão com o meu filho?” É uma das perguntas que mais ouvimos e, por isso, consideramos que lhe devemos dar um verdadeiro destaque.
Muitas das vezes, acredita-se que a intervenção terapêutica é um processo que acontece apenas entre a criança e o terapeuta, mas em diversos estudos podemos ler que o envolvimento da família nas sessões terapêuticas é fundamental para que a evolução aconteça de forma mais rápida e consistente. O processo terapêutico implica uma parceria efetiva entre a família e todos os profissionais envolvidos.
Quando trabalhamos com crianças principalmente em idade precoce, acreditem, vocês são os nossos aliados primordiais em todo o processo e é por isso que nos faz sentido uma abordagem centrada na família.
São vocês que estão com a criança a maior parte do tempo. Mesmo que uma criança realize diversas sessões terapêuticas, o tempo que a mesma passa convosco no ambiente familiar e com as pessoas próximas é superior. São vocês, que observam os seus comportamentos no dia a dia, que apresentam preocupações e sentem as dificuldades; são vocês, que irão dar continuidade às atividades ou estratégias implementadas nas sessões terapêuticas, em casa e nos outros contextos. Através da vossa presença nas sessões, vamos, em conjunto, definir os objetivos e metas a serem atingidos, entender o porquê de determinados comportamentos acontecerem e descobrir que estratégias podemos implementar. JUNTOS!
Nós, terapeutas, temos a responsabilidade de desenvolver estratégias que vos permitam, enquanto família, a aquisição de novas competências e fortalecer as que já têm para que consigam satisfazer as vossas necessidades autonomamente e melhorar o vosso bem-estar… Esse sim, é o principal objetivo da abordagem centrada na família e que pode ser alcançado por diversos tipos de intervenção. O mais importante é mesmo capacitar as famílias a gerirem as dificuldades das suas crianças e a promoverem novas competências.
É importante, vocês cuidadores, estarem presentes nas sessões para que possam proporcionar mudanças significativas no repertório comportamental da criança.
Quando os cuidadores estão presentes nas sessões terapêuticas, para além de se capacitarem para gerir as maiores dificuldades das crianças, também observam como são realizadas as atividades para replicarem futuramente e tornarem estas aprendizagens mais consistentes. Desta forma, ajudamos as crianças a realizarem o transfer das aprendizagens feitas na sessão para os outros contextos.
Porém, é importante salientar que existem exceções com determinadas crianças que apresentam comportamentos desafiantes na presença dos cuidadores e que podem comprometer a relação terapêutica entre a criança e o terapeuta. Nestes casos, a não presença dos cuidadores pode beneficiar no início, em que se está a estabelecer uma relação terapêutica entre a criança e o terapeuta. Contudo, é importante que estes comportamentos desafiantes sejam posteriormente trabalhados com a presença do cuidador na sessão.
Existem também situações em que são os próprios cuidadores que preferem não estar presentes nas sessões, pelo que o terapeuta apenas deve partilhar a importância de estar presente e respeitar a decisão final.
Nós, terapeutas, também consideramos que nas sessões pode ser importante os próprios pais assumirem papéis de co-terapeutas para que realizem em conjunto com o terapeuta e com a criança as atividades propostas para as sessões. Este papel de co-terapeuta permite ao cuidador integrar ferramentas observadas em sessões anteriores e aplicá-las.
Neste sentido, na nossa perspetiva, só existem vantagens em vos ter connosco, num trabalho íntegro de aprendizagens, pois nós, também aprendemos muito convosco.
Ninguém conhece melhor as vossas crianças que vocês.
“Aquelas que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.” Antoine de Saint-Exupéry.
Carolina Costa, Psicomotricista
Inês Caniça, Terapeuta Ocupacional
Para usufruir deste desconto apresente esta página.
Fique a par, todas as semanas, dos melhores programas e atividades para fazer com os mais novos