Título
CUIDADO COM OS ANTIBIÓTICOS
CUIDADO COM OS ANTIBIÓTICOS
Saúde a 4 Mãos | Opinião | Fonte: Farmácias Portuguesas
A descoberta dos antibióticos mudou o quadro das doenças infeciosas, mas o seu uso correto e racional é cada vez mais urgente, sob pena do aumento da resistência bacteriana: uma grave ameaça para a Saúde Pública.
A descoberta dos antibióticos foi um dos grandes avanços da Medicina, que mudou radicalmente o panorama das doenças infeciosas. No entanto, nos últimos anos tem-se verificado um aumento da resistência a este tipo de medicamentos, pelo que é importante perceber o que são e para que servem os antibióticos.
O primeiro conceito a ter em consideração prende-se com a distinção entre vírus e bactérias. Os primeiros são microrganismos muito rudimentares, que não têm capacidade de divisão autónoma. Por esse motivo, necessitam de infetar as nossas células para poder usar as suas estruturas e, assim, criar novos vírus. Estes vão-se acumulando dentro da célula e, quando são muitos, rebentam-na para poder circular também. Desta forma, é fácil perceber por que é que a maioria dos vírus são autolimitados, ou seja, a infeção acaba por passar naturalmente, sem tratamentos. Isso acontece porque os vírus precisam das nossas células para se multiplicar, mas, quando o fazem, destroem-nas e ficam sem capacidade de se voltar a dividir.
As bactérias são bem diferentes. Têm capacidade de invadir diretamente as células e de se multiplicar sozinhas, pelo que, geralmente, são mais agressivas. Por esse motivo, causam mais destruição e complicações, necessitando muitas vezes de ser combatidas com medicamentos que atuem diretamente nelas, que as matem e impeçam o seu crescimento.
Esses medicamentos são os antibióticos. Só são úteis nas infeções provocadas por bactérias, seja pela sua gravidade, ou forma de atuar; não têm nenhum tipo de eficácia contra vírus e é errado dá-los nessas situações: são incapazes de atuar contra microrganismos que não se consigam dividir sozinhos.
O problema de uso indiscriminado é que, sempre que se dá um antibiótico, vamos matar as bactérias do nosso organismo que lhe são sensíveis. No entanto, as que são resistentes vão permanecer e crescer sem a “concorrência” das outras. Além disso, podem ainda passar a novas bactérias os genes responsáveis por essa resistência, o que pode fazer com que os antibióticos deixem de ser úteis para aquela pessoa. Este problema das resistências dos antibióticos é uma verdadeira questão de Saúde Pública, que pode condicionar muito a capacidade de resposta contra as infeções. Deve ser levado a sério por toda a população.
POR ISABEL JACINTO
Farmacêutica
Tosse, dores de garganta, febre ou falta de apetite... Certamente que o seu filho já teve algum destes sintomas, uma ou várias vezes. Ninguém gosta de ver o filho doente e a reação imediata é tentar fazer algo para o ajudar a melhorar e ganhar a energia de volta. Muitas vezes pensamos nos antibióticos, talvez porque nos lembramos da nossa infância e do típico sabor do antibiótico em xarope que tomámos quando estávamos doentes. Mas, apesar de serem medicamentos eficazes, não são adequados a todas as situações e devem ser utilizados com cuidado. Existem alguns conselhos que deve ter em conta:
• Tomar antibiótico apenas quando receitado pelo médico.
• Cumprir as indicações do médico – não alterar a quantidade ou o momento da toma.
• Fazer o tratamento até ao fim, mesmo que o seu filho se sinta melhor.
• Não partilhar antibióticos com outras pessoas.
• Nunca reutilizar sobras de medicamentos – entregá-las na farmácia.
Ao respeitar estas regras, estará a prevenir a resistência bacteriana e a assegurar que os medicamentos mantêm a sua função – a resolução da infeção.
A resistência bacteriana ocorre quando as bactérias, para sobreviverem aos antibióticos, desenvolvem mecanismos que lhes permitem tornar-se resistentes à sua ação. Há já casos de bactérias multirresistentes (que resistem à ação de diversos antibióticos), o que constitui uma grave ameaça à Saúde Pública. A resistência surge naturalmente, mas tem sido acelerada pelo uso inadequado dos antibióticos. Como resultado, as doenças são mais prolongadas, o risco de complicações aumenta e são necessários medicamentos cada vez mais “potentes” para combater as infeções, que deviam estar reservados para utilização nas infeções mais graves.
“Cuidar dos antibióticos para que cuidem de nós” está nas nossas mãos e cabe a cada um utilizá-los, hoje, da maneira correta para que, amanhã, quando um dos nossos filhos necessitar de um antibiótico, este esteja apto para cumprir a sua função. Além disto, as crianças aprendem pelo exemplo. O uso racional dos antibióticos por parte dos pais promove o mesmo comportamento nas crianças. No fundo, tudo aquilo que fazemos hoje tem um impacto no futuro!
Para usufruir deste desconto apresente esta página.
Fique a par, todas as semanas, dos melhores programas e atividades para fazer com os mais novos