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Criatividade & confiança: a dupla perfeita
Criatividade & confiança: a dupla perfeita
Opinião | Mafalda Mota
A criatividade também funciona como um músculo: pode (e deve) ser treinada. E se se pode treinar, pode-se aperfeiçoar. Mas, atenção, aperfeiçoar não é sinónimo de perfeição. A perfeição quando associada a criatividade pode ser um conceito perigoso.
Senão, vejamos. Inúmeros estudos, notícias e artigos de opinião já foram escritos sobre as vantagens de fomentar a criatividade nos mais novos. No entanto, raro é o ponto de vista que aborda uma dupla antiga bem conhecida de todos nós: criatividade & insegurança. E, se calhar, devíamos conversar sobre isso.
Estamos rodeados de montras falsas que pintam um quadro que não existe: a vida perfeita. E mesmo cientes dessa realidade (e reconhecendo que estamos cada vez mais atentos à nossa saúde mental) não é isso que nos impede de procurar a validação e a aceitação dos outros.
Numa sociedade que vive agarrada ao telemóvel e aos algoritmos, aos likes, ao número de seguidores, às reações e às partilhas… tudo isso importa. Principalmente quando antes de tentar conquistar a aprovação dos outros negligenciamos aquela que é a mais importante: a nossa.
A criatividade está diretamente ligada ao que fazemos e a quem somos. Ela faz parte do nosso ADN e da nossa identidade. Ela fala por nós e é a nossa assinatura. E, assim sendo, ser criativo também significa que estamos a expor parte de nós, incluindo as imperfeições, o que por sua vez significa que ficamos, em maior ou em menor grau, dependentes da receção e do reconhecimento dos outros.
Por isso, um encontro com a dúvida e com a insegurança, com mais ou com menos frequência, é inevitável. Ao contrário do que muitos pensam, à semelhança dos adultos, as crianças e os jovens também podem desenvolver problemas de autoestima quando sentem que o que fazem nunca é suficientemente bom ou que vão gostar menos delas se não forem perfeitas.
E há cada vez mais casos a ilustrar esta situação de vulnerabilidade. Vemos isso em menores que rejeitam a tentativa e que evitam a falha como se a sua vida dependesse tão-somente disso. Porém, quem não se permite à mudança jamais se sentirá verdadeiramente satisfeito com o que faz e com quem é. E isso é uma catástrofe.
O nosso valor não se encontra apenas no que fazemos, muito menos no que fazemos bem. O nosso valor vem de dentro, vem da nossa essência e não da perfeição. Por isso, investir numa educação infantil que privilegie a criatividade & confiança como dupla perfeita devia ser uma prioridade de todos. Só assim conseguimos tornar o futuro um lugar melhor.
Autora:
Mafalda Mota, autora e fundadora do projeto Heróis sem Capa
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