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A FUNÇÃO DO ELOGIO
A FUNÇÃO DO ELOGIO
Opinião | Inês Loio, Psicóloga
Admito que as boas práticas parentais possam ter por base o elogio e o reforço positivo. Contudo, questiono-me muito se esta comunicação positiva não será amplamente generalizada no dia-a-dia, prejudicando as nossas crianças. Serão elas sempre incríveis? Sempre inteligentes? Perfeitas? Parece-me que o equilíbrio impera na forma como comunicamos com eles.
Sublinho que o elogio tem uma importância fundamental no desenvolvimento e na construção da autoestima da criança, mas reforço a importância do modo como o fazemos. Para que este elogio seja cada vez melhor, deixo algumas sugestões.
• Tente não rotular o seu filho
Bem sei que é muito tentador dizer que o nosso filho é muito inteligente quando tem a melhor nota da turma a matemática, mas se elogiarmos o esforço e a dedicação que teve no seu estudo, o elogio será mais construtivo. Porque é que isto acontece? Porque da próxima vez que tiver um teste, apenas se sentirá aprovado quando repetir a mesma nota e não o mesmo esforço. Esta conclusão poderá parecer-lhe a si muito óbvia, mas para a criança não é fácil! Esperamos delas notas e não esforços, resultados e não persistência.
Experimente dizer qualquer coisa como “como te sentes com essa nota?” ou mesmo “Esforçaste-te muito para este resultado, parabéns”. Podemos ser descritivos nas observações e esperar deles algum feedback emocional.
• Não seja vago
Elogios clássicos como “que bom trabalho” ou “muito bem” podem parecer elogios inofensivos porque de facto o são. Mas o problema está exatamente aí, são inofensivos e vazios de significado. Acabam por transparecer que, na realidade, não estamos assim tão atentos ao comportamento-alvo e a criança, com o tempo, poderá desistir de lhe mostrar os seus feitos por falta de reforço. Vejamos então de que forma este elogio pode ser enriquecido.
• Seja descritivo
Quando descrevemos comportamentos sem os avaliarmos damos autonomia às crianças para sentirem orgulho por elas próprias sem dependerem das opiniões de terceiros. Com estas descrições mostramos também que estamos interessados e atentos à tarefa. Admitindo que nem sempre estamos, esta tarefa também nos ajuda a envolvermo-nos mais, a estarmos mais alerta.
Voltando ao exemplo do desenho, em vez de dizermos que realizou um bonito desenho, podemos antes dizer que usou três cores diferentes, desenhou três meninos e um sol muito brilhante. E que tal fazer perguntas? “Quem são esses meninos?”, “Qual foi a parte mais divertida deste desenho?”.
• Não misture elogio com críticas
Com a frustração do dia-a-dia, podemos facilmente cair neste erro! Quando a criança repetitivamente não cumpre os objetivos que lhe propomos e, de repente, consegue realizar a tarefa sozinha, podemos desorganizá-la com um elogio disfarçado de crítica. Para que o leitor consiga perceber melhor, mostro-lhe um caso específico: uma criança nunca arruma os seus brinquedos e um dia chegamos a casa e os brinquedos estão no seu sítio. Podemos dizer-lhe “Obrigada por teres arrumado os brinquedos como a mãe te pediu” ou podemos também dizer “Obrigada por teres arrumado os brinquedos na caixa e não os teres deixado espalhados no chão como costumas”. Qual destas duas hipóteses lhe parece mais reforçadora e motivante para a repetição do comportamento desejado? ... exatamente!
Quero acabar este artigo, elogiando-o a si, que leu este artigo até ao fim e que investiu tempo a aprender como elogiar melhor o seu filho. Não é o melhor leitor do mundo, não será o pai ou mãe perfeito/a mas o elogio que lhe faço é verdadeiro, ajustando-me assim às suas necessidades – Esforçou-se por ler e esforçar-se-á por pôr em prática, falhando mesmo assim algumas vezes e tentando de novo no dia a seguir. Parabéns, o esforço é recompensador! Como se sente?
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