Programação Malaposta 2022: "eclética e virada para todos os públicos"

Uma programação eclética, virada para todos os públicos, com atenção à política de preços (com descontos específicos para os residentes em Odivelas) e a preocupação em dar espaço aos artistas jovens para levarem a palco os seus projetos experimentais são alguns dos motores que movem Manuela Jorge e Joana Ferreira, co-diretoras do Centro Cultural Malaposta desde março de 2019.

 

O facto da Malaposta não estar no centro de Lisboa, dizem as co-produtoras, é uma barreira para atrair públicos a este lugar cultural com cinco espaços distintos. Uma barreira que é apenas “psicológica”, nas palavras de Joana Ferreira, já que o Centro Cultural fica às portas de Lisboa, com transportes acessíveis (incluindo metro) e estacionamento.

 

Tiveram percursos diferentes no mundo do teatro e dos espetáculos, onde se cruzaram e criaram a Minutos Redondos, empresa privada que gere atualmente a programação da Malaposta.

 

À Estrelas & Ouriços, falaram da programação para o novo ano, de dificuldades e de expetativas.

 

Manuela e Joana - O nosso projeto artístico aposta na variedade, numa programação eclética, em que programamos sobretudo grupos portugueses, o que não significa que não possamos programar alguns estrangeiros. Queremos que a Malaposta esteja aberta a todos os públicos, sejam eles das artes performativas, de exposições, do cinema, de oficinas, de bebés (embora não tenhamos ainda programação para essa faixa etária, já que a programação ainda não está fechada).

 

M&J – Para as famílias e para as escolas, destacamos o “Pinóquio – da Raiz ao Nariz”, de Claudio Hochman, numa produção da Cassefaz, durante todo o mês de janeiro, bem como as oficinas, que vão decorrer ao domingo.

 

M&J – Exatamente. O ator F. Pedro Oliveira, como sempre se interessou e fez muitas coisas em madeira, surgiu a ideia de fazer este espetáculo em que ele próprio faria o cenário e as marionetas a partir de desperdício. A oficina vai também neste sentido. Normalmente, as famílias veem o espetáculo às 11h e fazem as oficina às 15h.

 

M&J – Temos “O Convidador de Pirilampos", da responsabilidade de António Jorge Gonçalves, um projeto muito bonito, de Ondjaki, em fevereiro e março, e a Monstrinha. Temos ainda “O Gato Pintor” para as famílias, de João Monge e Manuel Paulo, em abril. É um espetáculo de música muito engraçado. Vamos ter ainda o "Australopiteco", em maio, o FIMFA, com teatro e cinema, e o Teatro do Ferro, com “A Revolução dos Objetos”.

M&J - Sim. Em novembro, “O Anel do Unicórnio – Uma Ópera em Miniatura”, do Teatro do Elétrico, para escolas e famílias, e em dezembro, iremos ter aqui a ocupação de 15 dias das Marionetas do Porto, “O Assalto à Malaposta by Marionetas do Porto”, em que serão apresentados vários espetáculos, exposições, cinema, oficinas. Essa vai ser uma grande ocupação, dos espaços todos.

 

M&J – É e não é, já que temos de programar de forma a que os espetáculos não se contaminem uns aos outros. É uma mais-valia no sentido em que o auditório pode estar ocupado para espetáculos para o público em geral à noite e a sala experimental pode estar tranquilamente para um espetáculo à tarde ou de manhã, para famílias ou para escolas.

 

M&J – São. É difícil programar assim, até porque já temos a nossa programação cheia. Esperamos que não voltem a cancelar espetáculos e a fechar espaços, que as escolas não fiquem com medo de vir às salas de espetáculos. Não se percebe porque é que não pedem certificado num centro comercial, mas têm tantas restrições para as salas de espetáculos. Esta incoerência transfere-se para o público que, mal ouve estas notícias, notamos logo.

 

M&J – Não há razão para medos. Há aqui alguma histeria e fatores económicos por trás, que nem vale a pena mencionar. O importante é agir com todos os cuidados e segurança para não assistirmos a uma nova redução drástica dos públicos. Os espetáculos que tínhamos para as escolas, na primeira semana de janeiro, já foram adiados e não podem ser mais adiados em termos financeiros, de agenda e de gestão de recursos humanos.

 

M&J – No princípio trouxe, não foi fácil apaziguarmos as várias vozes contra, mas, entretanto, perceberam que este privado tem muita experiência no mercado. O nosso objetivo é não esquecer a missão de um espaço deste tipo e a população que servimos. Ou seja, termos uma programação eclética, virada para todos os públicos, não só em termos de projetos artísticos como de públicos-alvo e ter uma boa política de preços (com descontos específicos para os residentes de Odivelas).

 

M&J – É dar palco e espaço aos mais jovens, a projetos mais experimentais. Aqui, assumimos o risco, já que não conhecemos o trabalho destes artistas, que muitas vezes é o primeiro. A nível de público, são estes mesmos artistas que acabam por trazer o seu público. Este tipo de espetáculos não trazem outros públicos.

 

M&J – É, mas nós temos cinco espaços, muitos deles não têm esta capacidade. Nós temos esta versatilidade: às vezes há ensaios só de leitura ou solos que só precisam de fazer uma passagem e nós cedemos a sala de cinema para fazerem o seu trabalho de criação.

 

M&J – Sim, mas as pessoas têm de vir a primeira vez para perceber isso. Até lá, é complicado. Há aqui uma barreira psicológica, sobretudo, porque os acessos são facilitados, há estacionamento, há metro, autocarros.

 

M&J – Sim! As pessoas compram este cheque-oferta com o valor que quiserem, que é preenchido com os dados pessoais, e que é trocado por bilhetes. Este cheque tem uma validade de três meses. As pessoas podem trocar por qualquer espetáculo durante este período. É um ótimo presente em qualquer altura!